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23 DE MARÇO DE 2018

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O que estamos a fazer é colocar o conhecimento produzido pelo País fora, pela geração mais bem qualificada

de sempre em Portugal, ao dispor do mercado, ao alcance das empresas.

O que estamos a fazer é criar interfaces para ajudar a traduzir a linguagem académica para a linguagem

empresarial, assegurando a necessária transferência de tecnologia.

O que estamos a fazer é aproveitar o conhecimento produzido para criar inovação e com isso produzir riqueza

e empregos.

O que estamos a fazer é lutar contra um dos paradoxos clássicos da inovação da Europa, onde, apesar dos

investimentos em investigação e desenvolvimento, estes nem sempre se traduzem em inovação e, por essa via,

em resultados económicos.

O que estamos a fazer é tirar o máximo proveito dos investimentos na educação, garantindo uma boa

articulação entre o setor público e o setor privado e entre universidades, centros tecnológicos e empresas. Em

Portugal, grande parte da investigação e desenvolvimento tem origem no setor público. Torna-se crítico

assegurar que esse conhecimento chega ao mercado, tal como se torna essencial garantir que as universidades

e os laboratórios públicos possam interagir sem obstáculos com as empresas, de modo a gerar novos produtos

e novos processos.

Sr.as e Srs. Deputados, recentemente, a direção da COTEC (Associação Empresarial para a Inovação)

lembrou ao País que empresas mais inovadoras exportam seis vezes mais, têm lucros oito vezes maiores,

registam ganhos de produtividade por trabalhador 50% acima da média, criam quatro vezes mais emprego e

pagam salários 60% mais elevados. É este o ecossistema que estamos a criar em Portugal.

Para isso, é preciso continuar a produção de conhecimento e, sobretudo, criar as redes e mecanismos de

colaboração adequados para colocar empresários e investigadores a trabalhar juntos e a produzir com mais

valor acrescentado, para assegurar mais crescimento baseado em mais exportação e com mais produtividade.

É por tudo isto que o Governo do Partido Socialista tem vindo a implementar vários programas com resultados

já muito visíveis. Há algumas dessas iniciativas que merecem destaque, pelo impacto que provocam na criação

de uma economia cada vez mais puxada pela inovação e baseada no conhecimento.

O programa Interface é o principal motor da mudança estrutural e tem por objetivo explorar a capacidade

científica e tecnológica gerada nos últimos anos em Portugal e valorizar os recursos humanos altamente

qualificados.

Não se trata, caros Deputados, de conversa fiada. Há, de facto, compromissos em curso e recursos

disponíveis para este enorme desafio.

Aplausos do PS.

Neste processo de arrumação que o Governo levou a cabo, já foram reconhecidos 28 centros de interface,

que já servem 17 000 clientes e já faturam 128 milhões de euros de serviços tecnológicos às empresas.

Estes interfaces são centros tecnológicos, são laboratórios públicos de investigação e desenvolvimento ou

laboratórios universitários. Na prática, são centros de conhecimento que ajudam as empresas a inovar e que

respondem aos desafios da competitividade do nosso tecido económico.

Até ao ano 2022, serão canalizados para este programa, em todas as suas vertentes, mais de 1400 milhões

de euros. É um financiamento que pretende contribuir, entre outras coisas, para capacitar as organizações de

interface e melhorar os fluxos de conhecimento. Além disso, com base nos instrumentos associados ao

programa — desde projetos de investigação e desenvolvimento em co-promoção, vales de investigação e

desenvolvimento, programas mobilizadores, Indústria 4.0, projetos demonstradores em co-promoção, entre

outros —, já foram apresentadas quase 3000 candidaturas para um investimento já aprovado de 590 milhões

de euros.

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: É este o caminho para o futuro de Portugal. Assegurar uma década

de convergência exige uma reforma estrutural na nossa economia. Não há reforma consequente sem

conhecimento e é desolador um conhecimento sem inovação, portanto, sem resultados visíveis no crescimento

económico e na criação de emprego.

A reforma de que a economia de Portugal precisa não é baseada nos baixos salários, no fundo, numa

vertigem de empobrecimento que destrói a capacidade do País e expulsa os seus próprios habitantes.