12 DE ABRIL DE 2018
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O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Muito bem!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Aliás, no Orçamento para 2018, o Governo previa um acréscimo de 883
milhões de euros em contribuições para a segurança social. A isso soma-se ainda o acréscimo resultante do
IVA (imposto sobre o valor acrescentado) social — 27 milhões de euros de receita —, o adicional ao IMI (imposto
municipal sobre imóveis) pago pelo imobiliário de luxo — 50 milhões, neste ano — ou, ainda, a parte do IRC
(imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas) que reverte para o Fundo de Estabilização Financeira da
Segurança Social (FEFSS) — 70 milhões. Há margem para concretizar este compromisso? Claro que sim, basta
querer.
O Ministro das Finanças anunciou há dias que, cumprindo a meta do défice aprovada neste Parlamento, há
uma folga de 800 milhões de euros. Essa folga deve servir para o Governo ir além das metas que fixou com
Bruxelas ou, pelo contrário, deve servir para honrar o compromisso com os pensionistas e concretizar uma
proposta negociada com os parceiros da esquerda, anunciada na concertação social e com o apoio unânime
das confederações patronais e das confederações sindicais?
Sr.as e Srs. Deputados, no âmbito da maioria, não estamos de acordo em tudo o que diz respeito à segurança
social ou ao sistema de pensões, mas estamos de acordo em que não podemos desperdiçar nenhuma
oportunidade para fazer o que é preciso ser feito.
É tempo de olharmos para quem já deu tanto e fazermos justiça a quem merece todo o nosso respeito. Hoje,
temos o dever de não frustrar as expectativas que o Governo criou junto de dezenas de milhares de
trabalhadores que querem reformar-se, como é seu direito. É tempo de honrarmos o nosso mandato e de
utilizarmos os recursos que temos para cumprirmos os nossos compromissos com quem tem uma vida inteira
de trabalho.
O apelo que fazemos é simples: que se aprove este projeto de lei do Bloco, que os Deputados e as Deputadas
deste Parlamento deem esse sinal fundamental, que, na especialidade, se trabalhe para o concretizar.
No nosso País, há uma geração inteira que começou a trabalhar desde muito cedo, mas a vida de trabalho
que já levam não está a ser valorizada. Estas pessoas estão a ser vítimas de um corte injusto e ilegítimo que as
põe com pensões de miséria. Que justiça existe nisto? Nenhuma justiça, e hoje temos a oportunidade de corrigir
essa situação.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado José Soeiro, a Mesa regista a inscrição de quatro Srs. Deputados, do
PCP, do PS, do PSD e do CDS-PP, para pedir esclarecimentos. Fará o favor de informar a Mesa de como deseja
responder.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Respondo dois a dois, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Começamos pelo pedido de esclarecimento da Sr.ª Deputada Diana Ferreira, do Grupo
Parlamentar do PCP.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado José Soeiro, gostaria de
começar por cumprimentar o BE pelo tema do debate de hoje, as longas carreiras contributivas, matéria, aliás,
sobre a qual o PCP tem intervindo com regularidade, apresentando, até, um conjunto bastante alargado de
propostas.
Mas, em concreto, sobre o projeto de lei que o BE nos apresenta e que está, efetivamente, em discussão,
há questões que, no nosso entender, mereciam um esclarecimento.
O que o BE nos traz hoje é uma iniciativa legislativa que acaba por ser mais recuada do que a proposta que
o próprio Governo assumiu, em maio do ano passado, e que concretiza parcialmente a segunda fase da revisão
do regime das reformas antecipadas — uma revisão que é da responsabilidade do Governo, um calendário que
foi assumido pelo Governo e cujo cumprimento, por parte do Governo, não existiu.