13 DE ABRIL DE 2018
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Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem, agora, a palavra o Sr. Deputado Heitor Sousa.
O Sr. Heitor Sousa (BE): — Sr. Presidente, quero agradecer ao Partido Socialista o facto de nos ter trazido
aqui para debate e reflexão um tema que ainda está no início, em termos da política económica dos vários
países, o que constitui por si só um esforço notável, no sentido de acrescentar a este debate pelo menos algumas
matérias que não é hábito discutirmos aqui, na Assembleia da República. Por isso, como estamos em tempo de
dar os primeiros passos, era bom que soubéssemos qual é o nosso rumo, quais são as nossas prioridades em
relação ao desenvolvimento da economia do mar e quais são os desafios que temos de enfrentar.
Sr. Deputado, a primeira questão que queria colocar-lhe é no sentido de saber qual é a cor da economia do
mar que queremos defender, que queremos favorecer. É que o Sr. Deputado falou de uma economia azul,
objetivo em relação ao qual estamos todos, creio, em completa sintonia, mas, debaixo da economia azul, da
economia do mar, existem outras cores que, porventura, podem toldar bastante o azul da economia que
queremos construir. Refiro-me, como o Sr. Deputado estará já a imaginar, à exploração dos recursos marinhos,
que na sua intervenção referiu expressamente como representando 30% dos recursos que neste momento são
alocados à exploração marinha, em particular aos recursos petrolíferos.
Protestos do Deputado do PSD Cristóvão Norte.
A economia do petróleo, como o Sr. Deputado sabe, tem o negro como cor dominante e não tem muito a ver
com a economia azul de que falou e nós, em Portugal, temos um problema entre mãos que o anterior Governo
nos deixou, o da realização de uma série de contratos à última hora para a exploração de recursos petrolíferos
na nossa costa, os quais têm vindo a ser sucessivamente anulados para se evitar que a economia azul se
transforme numa economia negra.
Sr. Deputado, pergunto: exatamente de que maneira acha que é compatível a exploração de um modelo
energético baseado na carbonização do planeta, baseado na economia do petróleo, face àquilo que enunciou
no seu discurso e com o qual estamos de acordo, que é uma economia dos oceanos baseada em recursos
sustentáveis e em recursos marinhos compatíveis com o desenvolvimento sustentável do planeta?
A segunda questão tem a ver com o conceito de sustentabilidade da economia do mar, de que o Sr. Deputado
também falou e que a própria União Europeia defende. Sr. Deputado, neste momento — creio eu! —, falar em
desenvolvimento sustentável é um bocadinho como a versão moderna do Programa do MFA (Movimento das
Forças Armadas), que se fez a seguir ao 25 de Abril e com o qual todos os partidos se manifestaram de acordo.
Se queremos falar de um desenvolvimento sustentável que seja compatível com a defesa dos oceanos, se é
isto que queremos defender, então, é preciso mudar muito na Comissão Europeia, porque o documento da
Comissão Europeia sobre o quadro financeiro plurianual, novo e moderno, para a concretização eficaz das
prioridades pós-2020 da União Europeia não tem uma única referência sobre a economia do mar.
Portanto, Sr. Deputado, como é que acha que a economia azul pode penetrar nas prioridades de
desenvolvimento sustentável da União Europeia para o próximo quadro financeiro plurianual?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para responder aos pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado João
Castro.
O Sr. João Azevedo Castro (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro do Ó Ramos, começo por agradecer
a questão colocada e ainda bem que abordou o tema do Fundo Azul, sobretudo, relacionando-o com aquilo que
é a ação e a atuação deste Governo, porque, relembro, antes deste Governo não havia Fundo Azul, não havia
perspetiva de se adotar o Fundo Azul, nem sequer uma miragem do Fundo Azul nós tínhamos no horizonte.
Protestos do Deputado do PSD Pedro do Ó Ramos.