20 DE ABRIL DE 2018
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A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — Mais do que discutirmos números, proporções ou percentagens de mulheres
em determinado partido, órgão, local ou momento, importa percebermos e discutirmos se realmente estamos
todos e todas empenhados — como parecem dizer, mas cujos atos não correspondem às palavras — em
realmente garantir a igualdade de género, a paridade, o equilíbrio entre homens e mulheres nos órgãos da
Administração Pública, do poder político, portanto em todos os órgãos com tomada de decisão.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — Estas regras da substituição e da ordenação das listas vêm tentar resolver…
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — Vou já terminar, Sr. Presidente.
Dizia eu que estas regras da substituição e da ordenação das listas vêm tentar resolver os contornos à lei
que todos conhecem. Até se apresentam umas listas muito cumpridoras da lei da paridade, mas depois os
mandatos das mulheres não são assumidos porque são elas substituídas por homens.
Portanto, algum mecanismo terá de ser encontrado para garantir que não se verificam mais estes contornos
à lei.
Mesmo para terminar, gostaria ainda de dizer que não entendo porque é que as freguesias pequeninas não
terão de cumprir a lei, não terão de cumprir a legalidade tal como os outros. Haverá, por acaso, menos mulheres
nessas freguesias?
Protestos do Deputado do CDS-PP Telmo Correia.
Ou serão freguesias pequeninas porque não têm mulheres em percentagem suficiente?
Aplausos do BE e da Deputada do PS Elza Pais.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Srs. Deputados, vamos passar às intervenções finais dos
proponentes das iniciativas legislativas em discussão.
Em primeiro lugar, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato, do PCP.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): —Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Registamos que
ninguém se opôs às propostas concretas do projeto de lei do PCP, portanto admitimos que toda a gente vai
votar a favor de ninguém poder ser prejudicado para efeitos de avaliação de desempenho por ter gozado de
direitos de maternidade e de paternidade. É nisto que estamos a falar, quando falamos de igualdade, em primeiro
lugar.
Relativamente aos números, achamos que fazer uma análise criteriosa sobre o número de processos
concursais e de opositores a concurso com os dados desagregados por sexo e ministério também nos permitirá
certamente tirar conclusões mais objetivas que ficam para além da espuma dos dias e dos ataques pessoais.
Entendemos também que era importante salientar que o último relatório da CITE (Comissão para a Igualdade
no Trabalho e no Emprego) sobre o progresso da igualdade no trabalho e no emprego, que está disponível, com
dados referentes a 2016, torna muito evidente o seguinte: quando depende da qualificação e da vontade das
mulheres, elas não estão sub-representadas; quando o acesso aos cargos não é feito por concurso mas por
nomeação, as mulheres estão sub-representadas.
Ora, isto demonstra que o princípio geral deve ser, de facto, o do concurso e da perceção de qual é o melhor
candidato para o desempenho de determinada tarefa e não o da nomeação política, que ficará sujeito a outros
critérios.
Aplausos do PCP.