I SÉRIE — NÚMERO 74
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A Sr.ª Sandra Pereira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, Sr.ª Secretária de Estado, Sr. Secretário de
Estado, Sr.as e Srs. Deputados: A igualdade de oportunidades para homens e mulheres é um princípio essencial
da democracia que tem consagração constitucional.
Os diplomas que hoje estão em discussão no Parlamento tratam de matéria que é, sem dúvida, estruturante
no funcionamento da democracia representativa e relevante para o exercício de direitos e liberdades políticas
fundamentais: o aumento da participação das mulheres na vida política e a sua representação em cargos de
dirigente na Administração Pública.
Mas, em primeiro lugar, não podemos deixar de reiterar o que foi dito e de denunciar a hipocrisia política que
estas iniciativas legislativas revelam. Estas propostas de lei vêm aqui ao Parlamento por iniciativa de um
Governo que, em 19 ministérios, apenas tem 3 mulheres no exercício do cargo de Ministra. O Governo, que tem
cerca de 16% de representação feminina, apresenta ao Parlamento, um órgão em que existe 33% de
representação feminina, uma proposta para aumentar os níveis dessa participação.
Sr.as e Srs. Deputados: «Bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz e não o que ele faz». É isto que se passa
aqui hoje. Consideramos que o Governo tem muito pouca legitimidade política para nos fazer presentes, ao
Parlamento, estas propostas de lei.
Aplausos do PSD.
Mas, Sr.as e Srs. Deputados, para o PSD uma sociedade democrática, madura, assenta na participação
equilibrada de homens e mulheres em que a igualdade de oportunidades é uma garantia.
As mulheres representam cerca de 52% da população e chegaram ao mercado de trabalho, às universidades,
à investigação científica, à magistratura, aos cargos dirigentes de per si e aquilo que constatamos é que essa
dinâmica social não teve correspondência no nível da representação, na tomada de decisão política e
económica. As mulheres, ainda que em maior número, recebem menos do que os homens, trabalham mais sem
serem pagas e têm menor representação nos órgãos de decisão.
Por isso, nós, Partido Social Democrata, não negamos a pertinência da lei da paridade em vigor que,
consideram, constituiu uma alavanca social importantíssima para fomentar a participação feminina e corrigir os
desequilíbrios da sub-representação nos órgãos de tomada de decisão. Mas reiteramos que é muito curioso que
um órgão como o Parlamento que tem cerca de 33% de mulheres no exercício de funções esteja a discutir uma
lei vinda de um Governo, cuja percentagem de mulheres ronda os 16%. Isto é absolutamente incongruente e
agrava-se ainda mais quando o Governo, nestas propostas de lei, nada dispõe sobre si próprio, nem propõe
obrigar-se a si mesmo ou autorregular-se.
Mas, Sr.as e Srs. Deputados, seria muito interessante que o Governo começasse por dar o exemplo, seria
um contributo importante e mais sério para este debate.
O Partido Social Democrata sente-se confortável neste debate. Somos um partido que defende a igualdade
de oportunidades entre todos os cidadãos e, como seu corolário, a igualdade entre homens e mulheres.
No anterior Governo, fizemos aprovar uma resolução de Conselho de Ministros, que não só estabeleceu a
obrigatoriedade de adoção de planos para a igualdade nas empresas públicas do Estado como estabeleceu
também como objetivo a presença plural de mulheres e homens nas nomeações para os respetivos cargos de
administração.
O PSD, no anterior Governo, fez aprovar a lei-quadro das entidades administrativas reguladoras, que impôs
a representação mínima de 33% de cada sexo na designação dos conselhos de administração e a alternância
de género no cargo de presidente do conselho de administração.
O PSD fez ainda constar na lei que regula o setor financeiro — um setor ainda predominantemente masculino
— a obrigatoriedade de adoção de uma política de recrutamento plural, fixando objetivos para a representação
de homens e mulheres.
O PSD fez aprovar o novo regime jurídico do setor público empresarial, que estabeleceu a presença de
homens e mulheres na composição dos órgãos de administração, bem como a promoção da igualdade e não
discriminação no âmbito da sua responsabilidade social.
Portanto, Sr.as e Srs. Deputados, estamos muito à vontade neste debate, porque paulatinamente fomos
trabalhando pela igualdade promovendo-a entre homens e mulheres, e orgulhamo-nos disso.