11 DE MAIO DE 2018
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O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Sr. Presidente da Assembleia da República, Sr.as e Srs.
Deputados: O CDS é o primeiro partido a agendar um debate potestativo sobre habitação, apresentando um
conjunto de iniciativas que visam a promoção do arrendamento, tornando-o mais atrativo e a preços moderados.
Cabe-me fazer uma chamada de atenção prévia para o que é esperado de todos nós neste debate, hoje e
aqui, por todos os portugueses, e que pode ser resumido em duas palavras: sensatez e justiça.
A habitação é, a par do Serviço Nacional de Saúde e do acesso à educação, um direito universalmente
consagrado na nossa Constituição e é uma evidência, infelizmente necessária, dizer que o acesso à habitação
é, neste momento, um dos temas que mais preocupa os portugueses.
Dito isto, importa referir que este debate só será positivo e profícuo havendo memória e recuperando, sem
outro filtro que não o da verdade, as lições recentes da nossa história.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — O CDS traz a este debate um projeto de lei e cinco projetos de
resolução. Apresentamos um projeto de lei que prevê a redução da taxa de tributação autónoma, em sede de
IRS, dos rendimentos prediais resultantes dos contratos de arrendamento para habitação, sendo essa redução
progressiva relativamente aos contratos mais longos.
A taxa atual de IRS para os rendimentos prediais é de 28%, o que é manifestamente excessivo. Assim, o
CDS propõe que esta taxa seja gradualmente reduzida para os contratos de arrendamento para habitação: para
contratos de um a cinco anos, deve ser aplicável uma taxa de 23%; para contratos entre cinco e oito anos, uma
taxa de 15%; e para contratos de oito ou mais anos, uma taxa de 12%.
Entendemos que uma redução gradual da taxa autónoma de IRS aplicável aos rendimentos prediais, tendo
em consideração a duração dos contratos, é uma forma de criar um incentivo aos proprietários para uma aposta
na celebração de contratos de arrendamento de longa duração.
Apresentamos também um projeto que recomenda a criação de um regime jurídico do seguro de renda para
todos os contratos de arrendamento habitacional. A criação do seguro de renda é uma medida que consideramos
muito importante e já prevista na reforma do arrendamento urbano e na Estratégia Nacional para a Habitação
(ENH), aprovada pelo anterior Governo CDS-PP/PSD.
Este mecanismo permitirá aos proprietários a colocação dos seus imóveis no mercado de arrendamento com
maiores garantias e segurança. É claramente um estímulo de confiança no mercado de arrendamento que liberta
os inquilinos da prestação de cauções e de fiadores.
Apresentamos, ainda, uma iniciativa que recomenda ao Governo a alteração do sistema de fundos de reserva
dos edifícios, para garantir uma efetiva existência e utilização devida, através de uma fiscalização que será
realizada pelos municípios, algo que não acontece na prática e que inviabiliza a reabilitação dos edifícios.
Quanto aos imóveis do Estado, apresentamos uma iniciativa que pretende que este Parlamento seja
devidamente informado quanto aos processos de alienação do Fundo Nacional de Reabilitação do Edificado
(FNRE). Até ao dia 30 de março de cada ano, os serviços, os organismos e as entidades públicas têm de enviar
informação a essa sociedade gestora, com indicação dos imóveis abrangidos e que se encontram em situação
de disponibilidade, pelo que deverá ser remetido um relatório à Assembleia da República, de quatro em quatro
meses, contendo a informação necessária para avaliar quantos imóveis o Estado coloca para arrendamento
habitacional a custos moderados.
As duas outras iniciativas que, aqui, apresentamos visam promover o aumento da oferta de arrendamento
para habitação na cidade de Lisboa. A oferta pública de habitação centra-se, essencialmente, na habitação
social para uma população mais desfavorecida. Fora deste domínio, a percentagem de habitação pública é
preocupantemente baixa em Lisboa e no País.
É entendimento do CDS que incumbe ao Estado, central e local, estabelecer políticas e programas que
aumentem essa oferta e esses apoios também para a classe média, prioritariamente para os jovens e para as
famílias com filhos, e, em particular, quando o mercado não está a dar uma resposta satisfatória, especialmente
nas zonas centrais das cidades.
Sabemos que o Estado é um grande proprietário e possui inúmeros imóveis que podem e devem ser
colocados a preços moderados. Tal deve passar pela reabilitação dos imóveis vocacionados para a habitação
e pela construção em terrenos públicos ainda disponíveis.