I SÉRIE — NÚMERO 98
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saúde. Faltará tecnologia. As listas de espera serão grandes, as camas insuficientes, os meios complementares
de diagnóstico obsoletos.
É por isso que o Bloco de Esquerda lança o repto: este é o momento para ter coragem; é tempo de instituir
a saúde como um direito e de fechar a porta aos que querem fazer da saúde um negócio.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Precisamos de uma nova lei de bases para construir um SNS forte e capaz,
que responda com celeridade e qualidade, que recupere a ideia de um serviço geral, universal e gratuito e, ao
mesmo tempo, que permita a modernização dos cuidados de saúde e a adaptação aos desafios tecnológicos e
demográficos.
Precisamos de uma nova lei de bases que ponha no centro a promoção da saúde, a prevenção da doença e
o paradigma da saúde como um objetivo a observar em todas as áreas das políticas públicas. Não basta utilizar
estes princípios como jargão e depois não lhes dedicar mais de 1% do Orçamento como acontece atualmente.
Se queremos um SNS com futuro, e para o futuro, temos de ter um SNS que atue na saúde e não apenas na
doença.
Precisamos de uma nova lei de bases para remover as barreiras que continuam a impedir milhares de
pessoas de aceder aos cuidados de saúde. Em 2017, ficaram por realizar dois milhões de consultas e
tratamentos, porque os utentes não tinham dinheiro para pagar taxas moderadoras ou o transporte não urgente.
A lei de bases deve garantir um SNS gratuito e sem barreiras de acesso.
Sim, precisamos de uma nova lei de bases que oriente os cuidados de saúde para os utentes e não para as
rendas da Luz Saúde ou do Grupo Mello. Temos de deixar claro que toda e qualquer unidade inserida no Serviço
Nacional de Saúde terá gestão exclusivamente pública. Precisamos de uma nova lei de bases que faça a
separação clara entre o público e o privado e que combata a promiscuidade entre setores que toda a gente sabe
que existe.
O SNS deve ser o prestador principal dos cuidados de saúde e os privados serão, na sua relação com o
SNS, meramente supletivos, nunca concorrenciais.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Não podemos continuar a degradar o SNS para justificar o gasto de 1200
milhões de euros anuais com convencionados ou outros subcontratados. Esse dinheiro é público e deve ficar no
Serviço Nacional de Saúde.
Precisamos de uma nova lei de bases, sim, para dignificar e valorizar os profissionais de saúde, garantindo-
lhes o vínculo ao SNS, o direito à carreira, o direito à progressão na carreira, algo que hoje não está minimamente
assegurado. Veja-se o caso dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, hoje novamente em greve,
cuja luta saudamos, porque é uma luta pelo SNS. Veja-se a justa reivindicação dos auxiliares de saúde para
voltarem a ter a sua carreira. Veja-se a desestruturação das carreiras médicas, que atirou para fora do SNS
profissionais experientes e diferenciados.
Temos de ter carreiras para termos um corpo de profissionais dedicado exclusivamente ao Serviço Nacional
de Saúde. Sim, a nova lei de bases deve prever e promover a dedicação exclusiva dos profissionais de saúde.
Precisamos de uma nova lei de bases para termos mais investimento no SNS. A política de saúde não pode
ficar subordinada aos ciclos económicos ou às vontades políticas. Se assim continuar, poderão continuar a
existir governos como o do PSD e do CDS, que cortou mais de 1000 milhões de euros no SNS, negando o
direito à saúde a muitos utentes.
Para termos mais investimento, devemos deixar claro, como o Bloco de Esquerda faz, que o Estado deve
dotar os serviços públicos de saúde dos recursos humanos, técnicos e financeiros necessários ao cumprimento
das suas funções.
Aplausos do BE.