I SÉRIE — NÚMERO 99
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Como é que o PSD vai votar, por exemplo, o projeto do Bloco de Esquerda que alarga a proteção das
mulheres grávidas, puérperas e lactantes durante o período experimental, em que não existe qualquer tipo de
proteção, nem sequer um parecer da CITE, que seja obrigatório?! Nada! Como é que vai votar o PSD?
Como é que o PSD e o CDS vão votar o alargamento da licença parental inicial para os 180 dias, como o BE
propõe? É que nós já fizemos este debate! O Bloco de Esquerda já submeteu este projeto que está em discussão
à votação no dia 1 de julho de 2016 e o PSD não votou a favor. Mas vem agora propor, justamente, o
alargamento da licença parental para os 180 dias.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Integradas, Sr. Deputado!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Com uma diferença: é que, para o PSD, a partilha entre homens e
mulheres não é um critério e nós discordamos profundamente disso.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Mais: essa proposta faz lembrar a proposta do PSD e do CDS para
promover a natalidade, que era a da meia jornada, para mandar as mulheres para casa.
Sr.as e Srs. Deputados: A promoção da natalidade não se faz à custa de preconceitos machistas e da
reprodução da divisão sexual do trabalho, nomeadamente do trabalho doméstico.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Elza Pais (PS): — Isso mesmo! Muito bem!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Mas a proposta do PSD é uma proposta manhosa.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Manhosa?!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Porquê? Porque o PSD, no seu relatório, elaborado pelo Conselho
Estratégico Nacional (CEN), propõe a possibilidade de estender a licença até um ano — mais seis meses, além
dos 182 dias —, mas estender essa licença sem qualquer pagamento adicional.
Diz o PSD que o objetivo é para que, e cito, «(…) pais/mães que assim o desejem possam acompanhar o
primeiro ano de vida dos seus filhos». Ó Srs. Deputados, isto é um pouco ofensivo! É que não é para pais e
mães que assim o desejem, porque, se as pessoas não tiverem rendimentos, naturalmente, não podem estender
a licença, sem terem qualquer tipo de apoio. E pior: esta proposta tem como contrapartida acabar com a licença
que hoje existe, o subsídio parental alargado, que tem um valor muito pequeno — nós defendemos que deve
ser maior — mas que tem algum valor. O que o PSD propõe no documento do seu Conselho Estratégico Nacional
é, justamente, uma licença sem qualquer vencimento.
Queria acabar, não apenas com uma referência à grande omissão deste debate e do documento do PSD,
pois não houve nenhuma palavra sobre emprego, sobre precariedade, sobre direito à habitação — aliás, o que
está reservado para a conciliação entre vida familiar e pessoal e para a intervenção no mundo do trabalho é
permitir que as empresas possam beneficiar de fundos comunitários para fazerem creches, é esta a única
medida que têm, nada sobre legislação laboral! —, mas também àquele que me parece ser o grande embuste
do documento do Conselho Estratégico Nacional do PSD. A Sr.ª Deputada Clara Marques Mendes não disse
nada sobre a proposta do PSD de acabar com o abono de família e com o abono pré-natal, substituindo-os por
um «cheque-bebé», o que é um corte no apoio às famílias.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Mas qual «cheque-bebé»?!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr.ª Deputada, cortar é apoiar? Desde quando é que cortar é apoiar?
A política que o PSD propõe, com este cheque —…