I SÉRIE — NÚMERO 99
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É da conjugação destas políticas, com uma visão global e integrada, com as prioridades elencadas e o
equilíbrio necessário, que podemos vencer o desafio demográfico.
A tarefa é difícil, mas o objetivo não é impossível. Afinal, não há impossíveis que vençam a nossa vontade
quando em causa está o futuro sustentado da nossa sociedade.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, o incentivo à natalidade é, neste quadro, a prioridade das prioridades, uma
prioridade que pode consubstanciar a concessão de apoios monetários e financeiros à maternidade e às famílias
que a eles queiram aceder; uma prioridade que deve pretender conciliar a atividade profissional com a atividade
familiar dos pais e da família; uma prioridade que, acima de tudo, implica investir num apoio mais forte, mais
visível e mais generalizado à infância.
Generalizar o acesso gratuito às creches e aos jardins de infância não é apenas um objetivo ambicioso, é
muito mais do que isso: é investir no aprofundamento e no reforço do Estado social, é criar uma mais-valia
essencial a favor do direito à maternidade, é apostar na direção mais adequada para fazer a diferença neste
combate nacional à bomba demográfica que nos persegue.
Dir-se-á que um investimento desta natureza tem custos elevados. Seguramente. Importa, porém, perguntar:
qual é o custo de nada fazer? Qual é o custo de uma substancial redução da população daqui a 15 ou 20 anos?
Quanto perde o País por nada fazer em menos contribuições para a segurança social? Qual é o custo de deixar
pelo caminho uma política que é estratégica e estruturante só porque nos enredamos em avaliações redutoras,
em análises mesquinhas, em querelas estéreis e em debates inconsequentes e inúteis?
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, uma das condições de sucesso
de uma estratégia nacional de combate ao declínio demográfico é o grau de consensualidade política que esta
medida possa alcançar.
Nesta matéria, especialmente nesta matéria, todos somos convocados a participar, da esquerda à direita
ninguém deve excluir-se e ninguém deve ser excluído. No Estado e na sociedade, ouvir o maior número de
opiniões, individuais e coletivas, dos cidadãos e das organizações, deve ser um inalienável imperativo da nossa
agenda de trabalhos. Neste sentido, vamos propor de imediato a criação de uma comissão parlamentar eventual
para análise e discussão de ideias, projetos e propostas para o combate ao declínio demográfico. O objetivo é
tornar este debate amplo e participativo, sereno e racional, nacional e não partidário.
O propósito é o de dar à sociedade civil mais uma oportunidade para ser ouvida, para apresentar os seus
contributos, para oferecer a sua experiência e conhecimento. O intuito não é o de cercear a iniciativa dos partidos
ou dos futuros programas eleitorais, mas, ao contrário, facultar-lhes elementos adicionais de análise e
informação que permitam aprofundar as suas ideias e reforçar a solidez das suas propostas.
A motivação, Sr. Presidente e Srs. Deputados, é séria e honesta: queremos fomentar o consenso político;
queremos estimular a participação social; queremos reforçar a consistência técnica; queremos procurar a
serenidade que os grandes combates exigem e o espírito alargado e mobilizador daqueles que são os grandes,
importantes e verdadeiros desígnios nacionais.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, inscreveram-se quatro Deputados para lhe formularem pedidos de
esclarecimento. Como pretende responder?
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Sr. Presidente, responderei dois a dois.
O Sr. Presidente: — Assim sendo, tem a palavra, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada Idália Serrão.
A Sr.ª Idália Salvador Serrão (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Clara Marques
Mendes, vem falar-nos em consensualidade, mas não nos traz objetividade. Dentro desse pressuposto, é muito
difícil podermos avaliar as propostas do PSD.