I SÉRIE — NÚMERO 100
24
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Aquilo que vemos é um partido que, interesseiramente, fecha
o diálogo à esquerda e, interesseiramente, fecha o diálogo à direita,…
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
Protestos do PS.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — … segue o seu caminho, mas segue um caminho que não
convém ao País, porque, na verdade, não está a construir nada de futuro, não está a olhar para os verdadeiros
problemas do País, está apenas a corresponder a uma agenda eleitoral que mantenha o PS até às próximas
eleições, esperando que nas próximas eleições o possa perpetuar.
Aplausos do CDS-PP.
Protestos dos Deputados do PS Carlos César e Tiago Barbosa Ribeiro.
Este é que é o problema do País: o PS diz que dialoga mas, na verdade, não dialoga.
Pergunto-lhe, Sr. Deputado Ricardo Bexiga, em que é que se concretiza aquilo que o Sr. Deputado disse, ou
seja, que está disponível para o diálogo? Diga-nos aqui, diante desta Assembleia, em que é que se concretiza
essa disponibilidade do PS para trabalhar com todos os que não sejam ou não tenham a ficha do Partido
Socialista.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Isso é comício!
O Sr. João Galamba (PS): — Nós temos cartões, não temos fichas!
O Sr. Presidente: — Tem, agora, a palavra o Sr. Deputado António Filipe, também para pedir
esclarecimentos.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Ricardo Bexiga, dir-se-ia que a sua intervenção
poderia ter todo o cabimento num colóquio sobre a segurança social, onde não estivessem em discussão
questões concretas e soluções concretas para os problemas que afetam o sistema de segurança social.
Portanto, podemos dizer que fez uma intervenção interessante, que tem um diagnóstico, com o qual todos
podemos, enfim, concordar mais ou menos, mas depois falta uma questão essencial, que é a seguinte: perante
o reconhecimento de problemas que importa enfrentar, como é que eles se enfrentam? De facto, é esta a
questão e foi isso que faltou na sua intervenção.
É evidente que reconhecemos, no nosso projeto e nas intervenções que aqui temos feito, que o facto de ter
havido uma evolução económica favorável do nosso País nos últimos tempos, em contraste com aquilo que
tinha acontecido na Legislatura anterior, foi positivo para a segurança social por razões de fundo, por razões
que se prendem com o funcionamento da economia. Mas todos reconhecemos, e o Sr. Deputado também
reconheceu, que há problemas, designadamente de índole demográfica, que exigem uma reflexão muito séria
sobre a diversificação das fontes de financiamento da segurança social. Tanto assim é que, na declaração
conjunta que foi feita no início desta Legislatura, entre o PS e o PCP, relativamente a esta Legislatura, uma das
questões que os dois partidos acordaram que deveria ser objeto de um debate e de uma consideração comum
era a do reforço e diversificação das fontes de financiamento da segurança social, abrindo as portas para um
debate que ambos reconhecemos que é necessário e que deve ser feito.
Bom, mas perante uma proposta concreta que aqui apresentamos, a sua intervenção é um pouco, como se
diria em termos futebolísticos, a «chutar para canto» e, portanto, não participa de forma construtiva numa
proposta concreta que aqui é apresentada e que seria, do nosso ponto de vista, aliás, por isso a apresentámos,
um bom ponto de partida para uma discussão que nos comprometemos a fazer.