29 DE SETEMBRO DE 2018
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O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Mas têm de o explicar não ao Bloco de Esquerda, mas aos trabalhadores
destas empresas, com distribuições tão ofensivamente desiguais da riqueza, e ao País, que não compreende
esta desigualdade indecente do ponto de vista dos salários.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Srs. Deputados, passamos ao ponto cinco da ordem do dia, da iniciativa
do CDS-PP, que consta da apreciação conjunta dos Projetos de Resolução n.os 1318/XIII/3.ª (CDS-PP) —
Recomenda ao Governo a atribuição de bolsas e apoios para atletas paralímpicos iguais aos atletas olímpicos
1795/XIII/3.ª (PAN) — Recomenda ao Governo que crie um regime que permita a equiparação dos atletas
paralímpicos aos atletas olímpicos relativamente à alocação de apoios e bolsas e 1797/XIII/3.ª (BE) —
Recomenda ao Governo a equiparação entre atletas olímpicos e paralímpicos nos níveis dois e três.
Para apresentar o projeto de resolução do CDS-PP, tem a palavra o Sr. Deputado João Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: O CDS promoveu este
agendamento na semana em que o Comité Paralímpico de Portugal comemora 10 anos. Aconteceu nesta
semana, numa cerimónia com a presença de praticamente todos os grupos parlamentares da Assembleia da
República — e também do Governo, deve assinalar-se — e o momento de o fazermos é um momento simbólico,
mas não é um momento único, muito menos exclusivo. Acho que é muito importante deixar, à partida, estes
pontos bem claros num debate como este.
Uma causa como a do desporto paralímpico não tem nunca donos nem está nunca terminada. Portanto, nós
hoje todos juntos, aqui, podemos dar mais um passo na valorização desta dimensão do desporto e da vida em
sociedade em Portugal. Não resolveremos todos os problemas e o CDS, que foi autor da iniciativa de
agendamento, não está aqui para agitar bandeiras, dizendo que somos os melhores, os primeiros ou os mais
eficazes.
O reconhecimento pela importância do desporto paralímpico tem muitas dimensões.
Tem, certamente, uma dimensão de igualdade, muito referida, e na história dos 10 anos do Comité
Paralímpico de Portugal é natural que a dimensão da igualdade tenha sido a primeira de todas as lutas.
Tem também uma dimensão de superação, que é relevante em cada projeto individual de cada um dos
atletas que integram este Comité e em cada uma das suas modalidades.
Tem, ainda, uma dimensão que é muito importante assinalarmos e que, felizmente, hoje, cada vez mais, é
aquela que maior expressão tem: a dimensão da excelência. Os atletas paralímpicos devem ser reconhecidos
porque são muito bons. É essa a forma como a sociedade deve olhar para estes atletas. Da mesma forma que
reconhece aqueles que são muito bons em muitas outras áreas, a sociedade deve olhar para estes atletas pelos
resultados que atingem, pela capacidade que têm de superar recordes sobre recordes, pela capacidade que
têm de ganhar medalhas ou de se superarem a si próprios. Tudo isso é razão de reconhecimento dessa
excelência.
É por isso que o slogan que o Comité Paralímpico de Portugal adotou recentemente é muito importante e
deve estar presente neste debate. Esse slogan é «Sem Pena». E é sem pena que devemos olhar para esta
causa — sem preconceito, sem menorizar, sem ter, de alguma forma, uma maneira diferente de olhar para uma
realidade e de olhar para outra.
Como é que isso se pode transmitir naquilo que hoje aqui discutimos? Equiparando, de uma vez por todas,
os apoios aos atletas paralímpicos e aos atletas olímpicos. Há razões que fazem com que as olimpíadas sejam
diferentes para uns e para outros, isso é óbvio, mas não há nenhuma razão que faça com que os apoios aos
atletas que participam numas e noutras tenham de ser diferentes.
Por isso, houve partidos, cujas iniciativas estão aqui em discussão, que apresentaram propostas no
Orçamento do Estado e que, na altura, o CDS acompanhou e houve outros que acompanharam depois. O
Governo, já depois da discussão do Orçamento do Estado, avançou também e deu passos que fazem com que,
por exemplo, alguns dos projetos que apresentam sobre algumas matérias até já estejam superados, e isso é
bom sinal e é positivo.