11 DE OUTUBRO DE 2018
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É por isso, julgo eu, que chegamos a esta altura e verificamos que o País tem, seguramente — não nos
esquecemos nunca — muitos problemas, muitas desigualdades, muitas injustiças, muitos problemas estruturais
para resolver, desde a dívida pública à Lei de Bases do Serviço Nacional de Saúde, mas vivemos melhor, porque
há mais salário ou mais pensão ou mais apoio social onde é preciso. Contudo, a direita, que tem vergonha do
seu programa, só nos traz aqui casos, mas nós não queremos falar de casos, queremos falar do País.
Aplausos do BE.
Sabemos também que, neste período, tudo se tem apostado na ideia da existência de incapacidade de
diálogo das forças que fizeram o acordo em 2015 para uma outra política e uma outra economia no País.
Sempre, mês a mês, alguém vai anunciar uma crise ou um impasse.
Sabemos bem das divergências que temos e que não estão apagadas, mas reconhecemos que o que é
importante é que são dados passos definitivos quando conta. Por isso, quero reconhecer que, tendo noção das
incapacidades, que já referi, ou das divergências, que são profundas, o Partido Socialista, que achava que
congelar as pensões era o único caminho para esta Legislatura, acabou a concordar num percurso de
atualização das pensões, o Partido Socialista, que achava que o percurso do salário mínimo era difícil, acabou
por concordar connosco e sabemos todos que, nesta Legislatura, o salário mínimo nacional chegará aos 600 €.
Protestos do PS.
Agora, precisamos saber se não estaremos em condições de ir mais longe. Achamos que sim, e queremos
que se faça esse caminho.
No ano passado, quando se negociava o Orçamento, parecia impossível criarem-se novos escalões de IRS
ou aumentar o mínimo de existência e, hoje, sabemos que fizemos esse trabalho que teve repercussões neste
ano e que terá para o ano.
Neste ano, também começámos com impossibilidades de atualização dos salários da função pública.
Sabemos que ainda temos muitas diferenças nesta matéria, mas sabemos que algum caminho se faz.
Sr. Primeiro-Ministro, conhece, seguramente, as prioridades do Bloco de Esquerda: atualização de pensões;
justiça às longas carreiras contributivas; valorização dos salários no público e no privado; apoio a quem está
mais vulnerável; políticas de família, que não passam por criar mais comissões ou benefícios fiscais, passam
mesmo pelo abono de família, por manuais escolares e passes sociais; investimento nos serviços públicos que
combatem as desigualdades sociais e territoriais; e, seguramente, também os custos da energia.
Bem sei que não é aqui que negociamos o Orçamento do Estado, mas gostaria de lhe perguntar sobre os
custos da energia.
As notícias desta semana falam dos custos altos da eletricidade e mesmo com os cortes nas rendas que já
foram possíveis, na verdade, se mais nada for feito, a fatura da energia vai continuar a subir no País, que já tem
das eletricidades mais caras da Europa.
Sr. Primeiro-Ministro, não lhe pergunto pelas medidas, porque o espaço das negociações não será este, mas
pergunto-lhe se partilhamos o objetivo de ter as medidas necessárias para começar a aproximar o preço da
eletricidade em Portugal à média europeia, ou seja, baixar a fatura energética em Portugal.
Aplausos do BE.
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Basta baixar o IVA!
O Sr. Presidente: — Tem a palavra para responder o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, tenho dificuldade em não
acompanhar o seu sorriso quando se recorda de tudo aquilo que ao longo destes 3 anos foi dito sobre a
possibilidade da existência e do funcionamento desta solução política.
É que não foram só as dúvidas de quando é que nos zangávamos, foi a garantia que foi dada de que não
nos conseguiríamos sequer entender para viabilizar esta solução política, e a verdade é que, desde o dia das