I SÉRIE — NÚMERO 11
8
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — É uma farsa!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — Sabemos que o CDS e o PSD defendiam a estratégia do empobrecimento
como a ideia de futuro do País. A realidade do País desmentiu isso. É preciso progresso, melhoria de direitos,
melhoria de salários, melhoria dos rendimentos. É aí que está a possibilidade do desenvolvimento económico,
de criação de emprego, de desenvolver o País. Os 650 € que propomos são inseridos nesse caminho.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — São para levar a sério?! E qual é a consequência?
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — E digo-lhe mais, Sr. Deputado: para as pequenas e médias empresas é
muito importante o poder de compra, é muito importante o mercado interno, e quanto mais se favorecer o
mercado interno mais possibilidade têm as pequenas e médias empresas. Menos salários e menos direitos
significa recessão e desemprego; mais salários e mais direitos significa desenvolvimento económico e criação
de emprego. Essa é lição dos últimos anos no nosso País.
Aplausos do PCP.
E quanto à questão da concertação social, Sr. Deputado — e vejo também aí uma convergência entre o PS
e o CDS —, …
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Vocês é que são Governo!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — … é bom lembrar que se estivéssemos à espera de uma qualquer
concertação social não tinha sido instituído o salário mínimo nacional em 1974, e não é por acaso que a
Constituição o determina.
Protestos das Deputadas do PSD Clara Marques Mendes e Joana Barata Lopes.
E porquê, Srs. Deputados? Porque não se pode dar o direito de veto às confederações patronais em matéria
de direitos dos trabalhadores. E é isso que querem fazer, evocando a concertação social para tentar dar o direito
de veto às confederações patronais.
Mas a Constituição da República é clara: quem tem a competência para decidir sobre o salário mínimo
nacional é o Governo.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — O vosso Governo!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — Por isso, estamos aqui a discutir para que seja colocada a questão ao
Governo. É o Governo que tem de assumir essa responsabilidade e, tal como os trabalhadores lutam nesse
sentido, nós trazemos aqui, à Assembleia da República, essa questão, para que não se passe ao lado dela.
Importa ainda sublinhar, relativamente àquilo que o Sr. Deputado do PS aqui nos colocou, que o PS, como
partido que assume o Governo, tem de assumir também a responsabilidade de uma atitude diferente
relativamente à questão dos salários e aos direitos dos trabalhadores. Não se refugie na questão da concertação
social, assuma as suas responsabilidades! 650 € significam 578 € que os trabalhadores levam para casa. Sabe-
se que mesmo assim é pouco, mas não se negue esta possibilidade e esta perspetiva de futuro.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Estão inscritos mais dois Srs. Deputados para pedirem esclarecimentos.
Para o efeito, tem a palavra a Sr.ª Deputada Joana Barata Lopes, do Grupo Parlamentar do PSD.