I SÉRIE — NÚMERO 12
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Pausa.
Não havendo pedidos de palavra, vamos votá-lo.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos, então, entrar na ordem do dia, cujo primeiro ponto são
declarações políticas.
Tem a palavra, para uma declaração política, pelo Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, o Sr. Deputado
Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Orçamento do Estado entrou
na Assembleia da República há escassos dias mas é curioso ver como, em poucas horas, a direita consegue,
sobre ele, dizer tudo e o seu contrário.
Do PSD, temos Rui Rio dizendo que é um Orçamento eleitoralista, que dá tudo a todos, para logo os seus
Deputados dizerem que continua a austeridade e aumenta os impostos.
Do lado do CDS, dizem também, novamente, que dá tudo a todos e que serve para responder a clientelas.
Logo a seguir, Assunção Cristas vem dizer que dá com uma mão e tira com a outra.
A primeira conclusão deste processo orçamental é a de que a direita está perdida no seu labirinto da
austeridade passada.
Risos da Deputada do CDS-PP Assunção Cristas.
Libertem-se disso, Sr.as e Srs. Deputados! Libertem-se disso e analisemos o Orçamento em concreto.
Em relação à pergunta sobre se é eleitoralismo recuperar pensões, particularmente aquelas penalizadas pelo
congelamento do PSD e do CDS, respondemos que não. É justiça! Justiça social feita a quem trabalhou uma
vida inteira.
Relativamente à crítica de que é «dar tudo a todos», quando respondemos pela dignidade das longas
carreiras contributivas e facilitamos o acesso a uma reforma antecipada, respondemos novamente com a
dignidade das pessoas, que sabem que, do CDS e do PSD, só podiam esperar demagogia e austeridade.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.as e Srs. Deputados, a primeira conclusão é mesmo esta: para a direita
em Portugal, é eleitoralismo tudo o que não seja a submissão a Bruxelas e a submissão à austeridade. Estamos
conversados, Sr.as e Srs. Deputados!
Aplausos do BE.
Mas, se não devemos esperar nada da direita nestes debates, então, vejamos aquilo que alcançámos ao
longo destes 4 anos, em que uma maioria política conseguiu afrontar a direita submissa à austeridade.
Desde 2015, os Orçamentos apresentados a esta Assembleia cumpriam um fator fundamental: a Constituição
da República Portuguesa. Todos eles, repito, todos eles tinham, por base, acordos de recuperação de
rendimentos e de respeito por direitos, e este Orçamento não é exceção a esse caminho.
Conseguimos, com um processo negocial duro — é verdade, como foram todos até aqui —, alcançar avanços
importantes para a vida das pessoas.
Já falei das pensões mas vou referir-me a outro dos pontos fundamentais deste Orçamento do Estado, que
mostra o compromisso com um Estado social que está presente na vida das pessoas e que constrói no presente
o seu futuro: baixar as propinas do ensino superior, medida fundamental que, em quase três décadas, nunca
tinha acontecido. Repito, nunca tinha acontecido! É o compromisso de quem considera que o Estado social é
para todos, não cria uma divisão entre ricos e pobres, é um fator de solidariedade no País.