I SÉRIE — NÚMERO 12
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O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, a Mesa regista a inscrição de quatro Srs. Deputados para formularem
pedidos de esclarecimento, pelo que importa saber como pretende responder.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Responderei individualmente, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Tem, então, a palavra, em primeiro lugar, o Sr. Deputado Paulo Sá, do Grupo
Parlamentar do PCP.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, a proposta de
Orçamento do Estado para 2019 prossegue a reposição de direitos e rendimentos, consolida medidas adotadas
nos últimos três Orçamentos e incorpora novas medidas. Entre estas medidas, gostaria de referir três que se
devem à intervenção e persistência do PCP: o aumento das pensões, a gratuitidade dos manuais escolares e o
fim do pagamento especial por conta.
Inicialmente, duas destas medidas nem sequer foram acolhidas no Orçamento do Estado de 2016 e a terceira
foi acolhida apenas parcialmente.
Protestos da Deputada do CDS-PP Assunção Cristas.
Mas o PCP não desistiu, o PCP não se resignou, persistiu na sua luta pela concretização dessas medidas e
essa persistência deu frutos. Em 2019, estas medidas serão plenamente concretizadas: o aumento
extraordinário das pensões terá lugar logo em janeiro, em vez de em agosto; os manuais serão gratuitos para
todos os 12 anos de escolaridade obrigatória; o pagamento especial por conta desaparece.
Milhões de reformados e de pensionistas, milhões de famílias, mais de 100 000 micro e pequenos
empresários beneficiarão destas medidas, medidas que têm a marca do PCP.
São estas e outras medidas, inscritas no Orçamento do Estado, que valorizamos, porque devem ser
valorizadas, mas também é preciso dizer que se podia ter ido mais longe. Sim, podia ter-se ido mais longe! Mas
isso não é possível devido às opções do PS e do seu Governo, opções que limitam, ou mesmo impedem, a
adoção de outras medidas que levariam mais longe a reposição de direitos e rendimentos, tal como a opção
pela redução acelerada do défice.
No início de 2018, o Governo apontou para um défice de 1,1% do PIB. Agora, estima que o défice será de
0,3%, se excluirmos a recapitalização do Novo Banco. A diferença entre o valor inicial estabelecido pelo Governo
e o previsível valor final é de 8 décimas do PIB, cerca de 1600 milhões de euros, montante que o Governo
canalizou para a redução do défice e que faz falta ao investimento público, faz falta para resolver os problemas
dos serviços públicos, faz falta para valorizar o trabalho e os trabalhadores, faz falta para dar resposta aos
problemas estruturais do País.
Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, como avalia esta opção do Governo de reduzir de forma acelerada o défice
orçamental…
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — … e, com essa opção, limitar a resposta aos problemas das pessoas e do País?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, para responder.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Paulo Sá, é conhecido que entre nós, o
Bloco de Esquerda e o Governo, tal como é público que entre o PCP e o Governo há uma divergência sobre as
metas a apresentar.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Há?! Não há, não!