18 DE OUTUBRO DE 2018
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O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado António Leitão Amaro, agradeço as suas
perguntas.
Talvez o Sr. Deputado desconheça, mas devo dizer-lhe que, nessa música do «pisca-pisca», a cantora diz
que olha para a direita e olha para a esquerda e não se engana. Nós, para a direita não olhamos, porque não
há intermitência à direita para baixar impostos. Não há intermitência à direita!
Aplausos do BE.
Em relação ao Orçamento do Estado para 2015, o último da Legislatura anterior, as notícias dos jornais
diziam — não é uma interpretação do Bloco de Esquerda — que era Austeridade para a Maioria, Alívio só para
Alguns e, no que toca à carga fiscal, diziam que atingia um «máximo histórico».
Sabe qual é a diferença entre a carga fiscal prevista para 2019 e, já agora, a de 2018 e a de 2015? Tem a
ver com o rendimento disponível para as pessoas. Como já expliquei, o facto de haver mais pessoas a trabalhar
e de a taxa de crescimento ser inferior à da criação de emprego implica que há mais pessoas que, embora
pagando o mesmo, geram mais receita fiscal para o Estado. Ora, no passado, havia menos pessoas a trabalhar,
as quais pagavam muito mais, porque a taxa de desemprego era muito maior.
Não há nenhuma outra regra senão a de avaliar o rendimento disponível das famílias. E, Sr. Deputado, não
há nenhum caso, vou repetir, não há nenhum caso em que alguém receba menos agora do que recebia em
2015. Nenhum!
Protestos da Deputada do PSD Inês Domingos.
Por isso, Sr. Deputado, se esse era o seu único argumento, então, aconselho-o a voltar à argumentação de
Rui Rio e a dizer que este Orçamento é eleitoralista, porque, nesse caso, poderá ter mais demagogia a
acrescentar. É que, no que toca à parte técnica, claramente, o PSD não está a fazer o trabalho de casa.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem, ainda, a palavra o Sr. Deputado Fernando Rocha
Andrade, do Grupo Parlamentar do PS.
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Pedro Filipe
Soares, tenho de me associar à sua análise em duas questões. Uma delas é a de que, de facto, nunca sabemos
muito bem se a parte direita deste Parlamento está em maré de dizer que o Orçamento é «austeritário» ou está
em maré de dizer que o Orçamento é eleitoralista.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É o «pisca-pisca»!
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Acho que isso se deve, fundamentalmente, a uma qualidade das
bancadas da direita que realçamos pouco, que é a sua criatividade.
Durante quatro anos, o Governo anterior, criativamente, governou no pressuposto da austeridade
expansionista e, agora, inventaram um novo e interessantíssimo conceito, que irá dar, certamente, em teses de
mestrado, que é o da austeridade eleitoralista.
Risos de Deputados do PS, do BE e do PCP.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Não é verdade, mas tem graça!
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Ora bem, o Sr. Deputado assinalou, e bem, que este é o quarto
Orçamento que o Governo, com o apoio desta maioria parlamentar, apresenta ao Parlamento — um resultado
que alguns considerariam improvável. É um Orçamento que resulta de negociações que, como todos sabemos,
são difíceis, mas são produtivas para os portugueses, porque há uma comunhão de objetivos em torno de um