I SÉRIE — NÚMERO 12
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conjunto de matérias, como a recuperação de direitos e de rendimentos, ou de apostas políticas, como a
mobilidade e a seleção de domínios em que se fazem reduções de impostos, que são, de facto, diferentes dos
que seriam selecionados por PSD ou CDS.
Há também diferenças, as quais assumimos, nomeadamente uma que, no PS, consideramos absolutamente
fundamental, e consegui-la tem sido a prova do êxito desta política orçamental, que é a de que aqueles objetivos
de política se atinjam, sim, com esta redução acelerada do défice público, com estes resultados históricos em
termos de consolidação das finanças públicas,…
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — … na medida em que é também este o legado que deixamos às
gerações futuras.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, do Bloco de
Esquerda.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Fernando Rocha Andrade, acompanho uma
parte considerável da intervenção que fez, em jeito de pedido de esclarecimento.
Contudo, devo lembrar-lhe alguns números que demonstram o que este caminho poderia ter sido e não foi,
por escolhas do Governo.
As folgas orçamentais, que, basicamente, são a diferença entre o que foi orçamentado — e, por isso, previsto
no Orçamento do Estado, entregue e aprovado na Assembleia da República — e o que foi executado
anualmente, foram, em 2016, de 300 milhões de euros, em 2017, de 1250 milhões de euros e, em 2018, de 600
milhões de euros. Na totalidade, foram conseguidos mais de 2000 milhões de euros de folga fiscal, em grande
parte, por um bom desempenho da economia, que, por um lado, trouxe receita fiscal e, por outro, reduziu o
número de pessoas no desemprego e, por conseguinte, o número de pessoas a receber subsídio de
desemprego, retirando pressão à segurança social.
Essa folga podia e devia ter sido utilizada pelo Governo, porque estava orçamentada pela Assembleia da
República, no entanto, o Governo não a utilizou. Foi uma oportunidade perdida! Sabemos que os ciclos na
economia não duram para sempre e, por isso, perante uma oportunidade de ouro para repor qualidade nos
serviços públicos, para os recuperar do que foi a destruição que a direita deixou quer na escola pública, quer no
Serviço Nacional de Saúde (SNS), creio que se exigia mais do que o Governo fez.
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Agora é que é!…
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É certo que ouvimos algumas vozes iradas da direita sobre serviços
públicos, mas, como disse, e bem, é pura demagogia. E é pura demagogia, porque eles cortaram, cortaram,
cortaram e se estivessem no Governo continuariam a cortar. Não sabem fazer outra coisa, porque não gostam
do Estado social, preferem o mercado. É a sua escolha.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Agora, quem defende o Estado social, com estas folgas, podia e devia ter feito mais. Creio que, neste
momento, que iniciámos a discussão do Orçamento do Estado para 2019, aprendendo com estes três anos,
temos a capacidade de aprofundar também o documento que o Governo entregou há dias nesta Assembleia.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para a segunda declaração política do dia, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Mota
Soares, do Grupo Parlamentar do CDS-PP.