18 DE OUTUBRO DE 2018
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presidente de um clube de futebol, porque diz «Este treinador está aqui de pedra e cal, este treinador não sai»
e 48 horas depois não há ministro, não há treinador, não há nada e, mais, numa circunstância em que saem de
um Conselho de Ministros onde estiveram, durante horas e horas, a preparar e a aprovar um Orçamento, para
não o executarem, para virem outros executá-lo.
Mas o Sr. Deputado faz bem em trazer um tema que é muito importante, que é o da Entidade Reguladora
dos Serviços Energéticos. É que uma entidade reguladora não é um instituto público, não é uma direção-geral,
tem uma legislação própria e está muito assente na independência — independência relativamente aos
regulados e independência relativamente ao poder político. Só desta forma teremos entidades reguladoras fortes
e capazes de defender o interesse dos mais frágeis, capazes de defender o interesse do mercado. E quem são
os utilizadores do mercado? Somos cada um de nós que, no final do mês, pagamos a fatura.
Mas, Sr. Deputado, a verdade é que, por um lado, não nos surpreende. É que este Governo não gosta de
entidades independentes, aliás, detesta-as. Recordamos os ataques que foram feitos ao Sr. Governador do
Banco de Portugal — não nos esqueçamos! — ou mesmo à Sr.ª Presidente do Conselho Superior de Finanças
Públicas. Que cerco que esta maioria fez em torno dela!
Vozes do BE: — Ah!
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Recordamos ainda o triste episódio em torno da Procuradora-Geral da
República.
Por isso, o Governo não gosta de entidades independentes! Não gosta! E é por isso que tem esta tentação
do controlo absoluto.
Até nas entidades reguladoras mais não quer do que colocar um comissário político — é disto que se trata
—, pagando e resolvendo problemas partidários dentro do seio do PS com repercussões na Região Autónoma
da Madeira. E cá estamos todos nós para fazer de conta que isto não é assim!
Mas, Sr. Deputado, tem razão em relação a uma matéria que também me preocupou: para além de o currículo
não ser adequado e do desconhecimento absoluto de questões básicas de energia, que nem sequer são
questões importantes como os tratados internacionais subscritos por Portugal, que têm repercussão na fatura
da energia, hoje, verificámos que o Sr. Deputado Carlos Pereira nem sequer foi capaz de responder, dizendo
mesmo «não conheço»!
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Mota Soares.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Emídio Guerreiro, agradeço as
questões que colocou.
Começando pela questão da remodelação, devo dizer que nos preocupa muito o seguinte: eu dizia, há pouco,
que, no espaço de uma semana, tivemos dois ministros e dois secretários de Estado com a tutela da energia, o
que dá quatro. No entanto, nenhum desses quatro teve a preocupação de estar junto das pessoas que, neste
momento, estão a sofrer as consequências de um furacão que atingiu milhares de pessoas, muito
especialmente, na região Centro — que o Sr. Deputado e eu conhecemos bem — e de dizer àquelas pessoas
o que me parecia que seria o óbvio, isto é, que o Estado vai fazer tudo para, o mais rapidamente possível, repor
a normalidade perante um furacão, o que não é uma circunstância normal.
Sr. Deputado, a mim preocupa-me que, até ao momento, o Governo não tenha tido o cuidado de, junto do
regulador, ter garantido questões que são absolutamente cruciais. Não me passa pela cabeça que vá pesar na
fatura de cada um de nós a consequência do que aconteceu, mas eu não vi o Governo, que tem essa
capacidade, preocupado, junto do regulador, a defender os consumidores, e o Governo, repito, tem essa
possibilidade.
Eu ainda não vi o Governo, por exemplo, falar de matérias tão revelantes como saber se a qualidade do
serviço que está a ser prestado às pessoas, a qualidade da reparação, a rapidez ou a falta dela vai ou não
afetar, do ponto de vista estrutural, a avaliação das empresas e o que elas estão a fazer.