31 DE OUTUBRO DE 2018
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do contador para as potências mais baixas, o que se traduz numa redução de, no máximo, 80 cêntimos. Foi esta
a luz que se fez nas grandes negociações da esquerda com o Governo!
Falemos, também, da taxa reduzida do IVA dos espetáculos, outra bandeira histericamente agitada pelas
esquerdas. Poderia pensar-se que é uma boa medida, mas, afinal, o que o Governo quer é valorizar as
infraestruturas e não o acesso à cultura; caso contrário, a redução do IVA aplicar-se-ia a todos os espetáculos,
independentemente dos espaços onde se realizam.
Protestos da Deputada do BE Mariana Mortágua.
O mesmo se pode dizer da redução do preço dos passes sociais, que beneficia essencialmente as pessoas
que residem nas grandes áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto e que, além disso, não resolve o problema
de fundo dos transportes públicos. Se concordamos que todos ganham com a promoção do transporte público,
já é impossível aceitar que esse incentivo tenha de ser suportado por todos os portugueses de todo o território
nacional. E de que serve incentivar a utilização do transporte público com passes sociais mais baratos se,
depois, o Estado falha de forma estrondosa no péssimo serviço que presta?
Com o estado em que está a nossa ferrovia, com corte de linhas, de horários e de frequências, falta de
material circulante, falta de segurança e de manutenção, nunca foram tantas as queixas dos utentes e os
protestos e greves dos profissionais.
Podia ainda falar da promessa dos novos hospitais que o Governo diz que vai construir; aliás, há três anos
que anuncia sempre os mesmos. Podemos também falar da nova ala pediátrica do hospital de São João que,
de forma despudorada, o Sr. Primeiro-Ministro sugere que está praticamente resolvida com este Orçamento,
mas que a Sr.ª Ministra da Saúde desmente, dizendo que não sabe sequer quando será lançado o respetivo
concurso. Tal como poderia falar do aumento do orçamento da saúde que, na verdade, vai aumentar
significativamente menos do que a média geral do Orçamento do Estado para 2019. Ou, ainda, referir a taxa de
proteção civil, que, na sequência de um movimento cívico exemplar, foi considerada pelos tribunais ilegal, mas
que o Governo teima em querer impor a todos os cidadãos do País.
Um Orçamento assim, com todas estas características que enunciei, tem um nome: é um Orçamento fake, é
um Orçamento falso!
Aplausos do PSD.
Protestos do PS e do BE.
É um embuste, um logro e, em bom português, uma aldrabice!
E não esqueçamos que se este Orçamento existe, e existe desta forma, foi porque o Primeiro-Ministro deste
Governo, Dr. António Costa, que parece querer passar incólume entre os pingos da chuva nesta discussão, deu
o seu consentimento e aval político.
Para além do que está no Orçamento e que, resumidamente, já elenquei, cumpre também dizer o que não
está e que deveria estar.
Não está, por exemplo, uma estratégia de desenvolvimento económico sustentável para Portugal. A ambição
do Governo nesta matéria é zero e limita-se a ir à boleia dos ventos internacionais. Por isso, este ano, 20 países
da União Europeia crescem mais do que nós, entre eles, a Grécia, a Espanha e a Irlanda. Estamos a divergir
relativamente aos países com os quais queremos competir na Europa. Estamos a afastar-nos relativamente a
Espanha, que cresce o dobro, pagando menos impostos, com combustíveis mais baratos e com melhores
salários. Por que razão? Serão eles melhores do que nós? Não são! O problema é do Governo!
Aplausos do PSD.
Também não está neste Orçamento o investimento que o País precisa, depois de três anos em que a redução
do investimento público tocou mínimos de sempre.
Também não está neste Orçamento a tão prometida aposta no interior, na coesão territorial e no atenuar dos
desequilíbrios regionais. Não há uma única palavra sobre as questões demográficas e sobre a natalidade, que