31 DE OUTUBRO DE 2018
97
E, neste jogo de sombras, temos sempre o Primeiro-Ministro, Dr. António Costa, a controlar este seu «teatro
de marionetas», julgando que, desta forma, consegue igualmente manipular os portugueses.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro e Srs.
Membros do Governo: Este Orçamento é ainda mais eleitoralista do que os dos anos anteriores, o que, para
nós, equivale a dizer que é um orçamento ainda mais irresponsável e ainda mais enganador.
Protestos do BE e do PCP.
É um orçamento ainda mais irresponsável, porque está a garantir aumentos da função pública e de pensões
— medidas estruturais com as quais é, naturalmente, difícil discordar —,…
Vozes do PS: — Ah!
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — … mas fá-lo com o dinheiro que recebe de receitas extraordinárias, neste
caso, das poupanças com os juros da dívida e dos dividendos do Banco de Portugal e da Caixa Geral de
Depósitos.
É muito simples imaginarmos como isto pode correr mal: em 2020, quando estas fontes de receita
desaparecerem, onde irá o Governo buscar o dinheiro para este aumento de pensões e de vencimentos?
Vozes do PSD: — Bem lembrado!
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Se for como até agora, será, com certeza, à custa do aumento da carga
fiscal. Sim, porque, digam o que disserem, estamos desde 2016 com a carga fiscal em níveis máximos de
sempre, mascarados com a devolução de rendimentos que, depois, voltam para o Estado por via dos impostos
criados — mais impostos e mais elevados!
Não nos iludamos: quando as receitas conjunturais desaparecerem, a carga fiscal vai aumentar, assim como
o endividamento público, que devia estar a diminuir desde 2015, se este fosse um Governo responsável e
quisesse beneficiar da boa conjuntura externa dos últimos anos.
Aplausos do PSD.
Mas não! O endividamento continua a aumentar, ainda que a um ritmo mais lento, mas, em termos absolutos,
devemos hoje mais do que nunca. A dívida pública portuguesa é a terceira maior da Europa e o défice da nossa
economia é o segundo mais elevado. Não são boas notícias.
Por tudo isto, podemos concluir que a razão exclusiva deste Orçamento é a redistribuição eleitoral, o que
tem como contrapartida a ausência de rumo, a incapacidade de levar a cabo reformas e de definir as prioridades
e as estratégias para a criação de riqueza. Era exigível mais responsabilidade!
Mas este Governo está mais preocupado em manter-se no poder do que em corrigir os problemas estruturais
do País. Não há exemplo mais gritante do que a degradação dos serviços públicos. Sem receitas para cobrir as
despesas estruturais, falta a verba necessária para investir nos serviços que os cidadãos pagam com impostos
elevadíssimos e que não lhes são prestados com a quantidade e a qualidade devidas.
Vejam-se as escolas: é preciso que não chova dentro das salas e que haja aquecimento para que as crianças
não tenham de levar mantas de casa.
Vozes do PS: — Ah!…
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Vejam-se os hospitais, que precisam de recursos humanos e de materiais
que permitam dar resposta às necessidades dos cidadãos, onde cenários indignos, como crianças a receberem
tratamento oncológico em contentores, não sejam sequer uma possibilidade.