10 DE DEZEMBRO DE 2018
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A Sr.ª Carla Barros (PSD): — … o PSD deu contributos, o PSD deu alertas.
Sr. Deputado, já que não ouviu os alertas do PSD, vou perguntar-lhe se tem estado atento às constantes
greves que têm estado na rua nos últimos dias. Consegue interpretar, Sr. Deputado do Partido Socialista, os
alertas dos guardas prisionais, os alertas dos enfermeiros, as greves dos técnicos superiores de diagnóstico e
terapêutica, dos bombeiros, dos oficiais de justiça? Sr. Deputado, esta voz de descontentamento não é do PSD,
é a voz das pessoas, dos trabalhadores que estão na rua, Sr. Deputado!
Não há dúvidas, neste momento — os trabalhadores podem contar com o PSD —, de que estaremos em
condições de garantir um efetivo combate à precariedade, mas não é alimentando ilusões aos trabalhadores.
Queremos combater a precariedade tendo noção de todas as ações em termos de gestão de recursos
humanos no dia a dia, envolvendo dirigentes, explicando às pessoas o que tem de ser feito e nunca esquecendo
que a Administração Pública está ao serviço das empresas e dos cidadãos que a ela recorrem diariamente mas
que também tem trabalhadores que têm de ser respeitados e acarinhados.
Aplausos do PSD.
O Sr. AntónioFilipe (PCP): — O carinho que o PSD dá aos trabalhadores é comovente!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís
Ferreira, de Os Verdes.
O Sr. JoséLuísFerreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Saúdo o Partido Comunista
Português por ter agendado para discussão o Programa de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários
na Administração Pública, não apenas pela importância que o assunto representa mas também pela
oportunidade do debate, uma vez que o ano está a chegar ao fim e muitos dos trabalhadores da Administração
Pública continuam sem luz verde para a justa regularização.
Como todos temos bem presente, o combate à precariedade foi assumido como uma das prioridades deste
Governo, e bem, porque, de há uns anos para cá, a precariedade tomou conta da realidade laboral no nosso
País, seja no setor privado, seja no setor público, com o próprio Estado a dar mau exemplo.
De facto, através dos mais variados formatos, como contratos a prazo, contratos de trabalho temporário,
falsos recibos verdes, bolsas ou contratos de emprego-inserção, assistimos, durante anos, a uma tentativa de
tornar a precariedade laboral como regra nas relações laborais.
Esta situação ganhou, aliás, uma nova dimensão com as políticas e as opções do Governo PSD/CDS, que,
às claras e sem qualquer pudor, impôs o seu propósito de substituir trabalhadores com direitos por trabalhadores
sem direitos. Esta é que é a verdade, Sr.ª Deputada Carla Barros. Os contributos do PSD nesta matéria não têm
a ver com o combate à precariedade, têm a ver com aquilo que fizeram, que foi multiplicar a precariedade.
Portanto, quando falamos do Governo do PSD e do CDS, falamos de políticas que procuraram generalizar a
precariedade em todos os setores da Administração Pública, mas também nas empresas do setor empresarial
do Estado.
É por isso que se impõe um combate sério a este grave problema que a precariedade representa no nosso
País, até porque o aumento da precariedade faz aumentar o desemprego, o que significa que, combatendo-a,
também estamos a combater o desemprego.
Mais: os trabalhadores precários apresentam salários mais baixos do que os restantes, porque o trabalho
precário é sempre um fator de discriminação e condena o trabalhador a uma completa desproteção e a uma
assustadora incerteza.
Dito de outra forma, a precariedade é socialmente injusta, degradante e afeta o próprio País na sua
produtividade e no seu desenvolvimento.
Ainda bem que se colocou em marcha o PREVPAP, que, aliás, contou com o contributo do Partido Ecologista
«Os Verdes». Mas, chegados a esta altura, quando o Programa deveria estar na sua fase final, é tempo de
procurar fazer uma avaliação sobre o seu andamento e, na perspetiva de Os Verdes, o cenário é pouco
animador.
Na verdade, todos os dias somos confrontados com informações e até com e-mails de trabalhadores
precários que nos dão conta de um agravar do problema à medida que o tempo passa: atrasos na execução do