10 DE DEZEMBRO DE 2018
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A Sr.ª Wanda Guimarães (PS): — Responderei em conjunto, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Então, para um primeiro pedido de esclarecimento, tem a palavra
o Sr. Deputado Fernando Barbosa.
O Sr. Fernando Manuel Barbosa (BE): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Wanda Guimarães, nos últimos 10
anos a Universidade do Algarve tem vindo a experienciar, fruto de um conjunto de aposentações e de mobilidade
para outras instituições, uma redução drástica dos seus trabalhadores integrados no quadro.
É importante destacar que, ao longo deste período, a instituição tem vindo a recorrer à utilização de
trabalhadores altamente qualificados e de elevada competência, como é o caso de gestor de ciência e tecnologia
e dos investigadores de pós-doutoramento, entre outros, que têm vindo a assegurar, anos após ano, através de
vínculos precários e sucessivas bolsas, a atividade técnica, científica e docente desenvolvida na Universidade
do Algarve.
Em concreto, são 51 colaboradores técnicos e 18 investigadores dos quais a Universidade do Algarve se tem
vindo a socorrer, recorrendo a bolsas de diversas tipologias suportadas ou não por projetos de investigação para
suprir as necessidades de pessoal.
A grande maioria destes trabalhadores encontra-se em funções na Universidade do Algarve há mais de seis
anos, muitos há mais de 10 anos, no entanto, não foi aberto, até ao momento, nesta Universidade, qualquer
concurso que venha a resultar na celebração de contratos ao abrigo do programa de regularização dos precários
do Estado, o PREVPAP.
Segundo o reitor, a Universidade não teria capacidade financeira para assumir o compromisso de
contratação, porque no orçamento para 2019 não estariam contemplados os cerca de 750 000 € que custaria a
sua contratação.
Este reitor deu parecer positivo a todos os requerimentos do PREVPAP, mas, inexplicavelmente, agora
assume que quer voltar atrás com a sua própria decisão, pedindo a reapreciação dos requerimentos já votados
e aprovados em CAB do ensino superior e da ciência.
Este é um exemplo, entre vários, na ciência e no ensino superior.
Sr.ª Deputada, considera aceitável este atropelo ao PREVPAP? Considera aceitável a conivência do Governo
com este atropelo à lei?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado António Carlos
Monteiro.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Wanda Guimarães, ouvi-a com
toda a atenção e confesso que estranhei muito que a Sr.ª Deputada não tivesse aproveitado esta oportunidade
para explicar porque é que o número de precários aumentou com o Governo do Partido Socialista.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — É que tenho aqui feito a justiça de reconhecer que a
precariedade preocupa todos os partidos. Mas se o PS diz que não gosta de precários, então porque é que
criaram mais?
Refiro também números oficiais que podem ser consultados: do terceiro trimestre de 2015 para o terceiro
trimestre de 2018, que são os últimos dados publicados, há mais 2327 contratados a termo. São mais precários,
Sr.ª Deputada! Aliás, Ana Avoila diz que, desde que se iniciou o PREVPAP, são mais 6%! Portanto, há aumento
do número de precários e há atraso no processo — é evidente.
Há também uma divergência entre os 116 000, que foram identificados inicialmente — e vou utilizar uma
palavra que a Sr.ª Deputada deve conhecer bem, que é a palavra «poucochinho» —, e os «poucochinhos»
resultados que os senhores têm.