I SÉRIE — NÚMERO 27
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contida nas quatro páginas do borrão de Paulo Portas, essa, sim, muito importante mas que nem por isso viu a
luz do dia durante os quatro anos do mandato da direita.
Aplausos do PS.
Ou seja, ao modelo disseram nada e às alterações nada disseram!
E é com esta falta de autoridade política que se permitem não só criticar o Programa aprovado e os resultados
obtidos numa tentativa clara de os amesquinhar, como chegam ao desplante de insultar os trabalhadores
precários, afirmando com todas as letras que estes, agora abrangidos, não o são por direito mas, imagine-se,
por cunhas.
Aliás, a direita tem tido uma posição muito curiosa neste processo. Descobriu agora a sua veia criativa,
atrofiada por quatro anos de disparates, propondo tudo o que não só nunca fizeram como nunca sequer
pensaram fazer.
Vale a pena, por isso, apresentar o ponto da situação.
Concorreram 32 000 trabalhadores na administração central — «uma ninharia», insiste a direita, com o intuito
de lançar a confusão com o número inicial de 116 000 trabalhadores, englobando a administração central, local
e regional e não esclarecendo, propositadamente, que o programa só se destinava aos trabalhadores que, tendo
um vínculo precário, preenchessem um lugar que configurasse uma necessidade permanente. Aliás, têm sido
recorrentemente alargados os critérios de forma a incluir trabalhadores, como, por exemplo, dos programas
operacionais e outros, ou para aqueles que, não tendo as habilitações literárias necessárias, estas possam ser
substituídas pela experiência profissional, devendo ser, por isso, também considerados conforme a Lei do
Trabalho em Funções Públicas determina e a alteração proposta pelo PS neste Orçamento do Estado veio
reforçar.
Sublinhamos, ainda, que, pela primeira vez, num processo de regularização — aliás, o segundo do período
democrático e ambos da iniciativa de governos socialistas — as organizações sindicais foram chamadas a
participar nas Comissões de Avaliação Bipartidas (CAB), o que revela bem o rigor que o Governo exige e a
importância que atribui a um processo amplamente democrático.
Refiro alguns números: dos 32 000 requerimentos, as CAB já analisaram 70% dos pareceres, destes mais
de metade com parecer favorável, tendo sido homologados 64% dos 12 500 favoráveis e contabilizados 808
com parecer desfavorável, ou seja, 6%; foram, entretanto, lançados 1170 concursos para quase 7000 vagas; e
na administração local foram abertos mais de 3600 concursos, correspondendo a cerca de 9000 postos de
trabalho.
Sr.as e Srs. Deputados, existem atrasos? Existem! Existem lacunas? Existem! Existem injustiças? Existem!
Existem, por vezes, perversões de critérios? É verdade! Mas, já agora, face ao universo final de candidatos,
existe alguém de boa-fé que assuma que este programa não é essencial, que este programa não é fundamental
para o combate à precariedade na Administração Pública? Porque é que se sublinham apenas os aspetos menos
positivos de uma minoria e não se sublinha o muito que já foi ganho para uma maioria?
Aplausos do PS.
Isto é, finalmente, a estabilidade profissional. Repito: a estabilidade profissional e familiar para alguns
milhares de pessoas e a possibilidade de encararem com segurança o seu futuro.
Para a função de fiscalização cá estaremos, sempre disponíveis como é costume, porque essa é a nossa
responsabilidade enquanto Deputadas e Deputados do Partido Socialista, que se empenham em melhorar as
condições de vida e de trabalho dos seus concidadãos.
Pela minha parte, enquanto representante do Partido Socialista neste debate, resta-me referir a feliz
convergência neste Parlamento das forças de esquerda que tornaram possível, e só elas, este processo.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr.ª Deputada, inscreveram-se três Deputados para lhe fazerem
pedidos de esclarecimento. Como pretende responder?