I SÉRIE — NÚMERO 27
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O Sr. Álvaro Batista (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, a primeira questão que coloco é a
seguinte: onde está o Governo?
A precariedade que afeta, neste momento, tantos trabalhadores na Administração Pública e o trabalho
precário que afeta, neste momento, mais trabalhadores do Estado do que em 2015 não deveriam servir para a
hipocrisia política e para a esquerda que manda no País sacudir a água do capote do seu próprio falhanço.
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Isso não é verdade!
O Sr. Álvaro Batista (PSD): — Trata-se da esquerda que governa Portugal vai para quatro anos, mas que é
incapaz de assumir responsabilidades ou de explicar por que razão há hoje mais trabalhadores precários no
Estado do que em finais de 2015; da esquerda que vem aqui com a soberba de quem nunca assume
responsabilidades; da esquerda que nunca pede desculpas pelos insucessos; e — também é hoje patente —
da esquerda que raramente cumpre o que promete.
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Muito bem!
O Sr. Álvaro Batista (PSD): — Srs. Deputados, uma semana depois de ter aprovado um Orçamento sem
dinheiro para integrar os precários, o PCP marca um debate para fazer de conta que está preocupado com os
atrasos no processo de regularização. Pura hipocrisia esta, a do PCP!
O PSD avisou que o processo criado pela proposta de lei do Governo era demasiado complexo e que não
iria servir para regularizar rapidamente os problemas às pessoas.
A Sr.ª Carla Barros (PS): — Muito bem!
O Sr. Álvaro Batista (PSD): — A esquerda fez ouvidos de mercador, mas este debate prova que o PSD
tinha razão.
Aplausos do PSD
O Governo começou, depois, o processo à espera de poupar dinheiro com a integração dos precários, pois
queria obrigá-los a optarem entre a redução dos salários ou o despedimento. Graças ao PSD, não o conseguiu,
mas a esquerda nunca tratou de encontrar os meios financeiros necessários para pagar os encargos com a
integração, mesmo depois de ter descoberto que não conseguiria manter as mesmas fontes de financiamento,
pois a maioria dos precários, sendo pagos por fundos comunitários, terão de passar a ser remunerados por
verbas do Orçamento do Estado logo que sejam integrados.
Pergunto se alguém se preocupou com isso. É claro que não, Srs. Deputados, pois, desde o início, como
também disse o PSD, o processo sempre esteve destinado a ser concluído bem perto das legislativas de 2019.
E porquê? — perguntarão as pessoas lá fora. É simples — respondemos nós. Para a esquerda, tudo se resume
a tentar ganhar mais uns votos e, se assim for feito, o Governo que vier a seguir que pague a despesa.
Nós dizemos: vergonha! É uma vergonha enganarem as pessoas. É uma vergonha a falta de respeito pelos
trabalhadores do Estado em situação de precariedade, a falta de respeito por enfermeiros, investigadores,
docentes, bolseiros, assistentes técnicos, assistentes operacionais e muitos outros que acreditaram que iriam,
finalmente, ver a sua situação profissional regularizada, mas que não veem um fim para o seu calvário.
É uma vergonha este Governo andar a contratar assistentes operacionais precários para as escolas, a tempo
parcial, a ganharem 3,80 € à hora e a 300 € por mês.
É uma vergonha existirem, hoje, muito mais contratos a prazo no Estado do que quando as esquerdas
começaram a governar em 2015. E não são mais umas dezenas ou umas centenas, são milhares os contratos
a prazo que há a mais, hoje, no Estado em relação aos que havia no anterior Governo.
É uma vergonha as esquerdas terem aprovado há oito dias o Orçamento para 2019 sem dinheiro para integrar
os precários e virem aqui, hoje, fazer a pantomina da preocupação. Qual preocupação? Se o PS, o PCP ou o
Bloco estivessem preocupados com estas pessoas já teriam tido todos eles tempo, muito tempo para exigir ao
Governo que integrasse os verdadeiros precários.