10 DE DEZEMBRO DE 2018
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complementares de diagnóstico, tratamento e reabilitação ou são atendidos nos centros de saúde e nos hospitais
por profissionais que têm um vínculo precário, apesar de responderem a necessidades permanentes.
Há, ainda, um conjunto muito significativo de cuidados de higiene, alimentação e acompanhamento de
doentes, assim como de atividades tão relevantes como a esterilização de material e a higienização dos
espaços, que são assegurados por auxiliares de ação médica que não têm qualquer vínculo mas que
desempenham estas tarefas há muitos anos. A precariedade atinge também muitos trabalhadores da Direção-
Geral de Saúde, do Instituto Ricardo Jorge e do Instituto do Sangue e Transplantação. Esta precariedade é
prejudicial, quer para os trabalhadores, quer para os utentes, destrói os direitos laborais e o trabalho de equipa.
No âmbito da saúde foram entregues mais de 10 000 pedidos de regularização. Destes, apenas mereceram
parecer favorável 3440, deixando de fora muitos precários. Acresce que, a 24 de outubro, destes 3440 apenas
tinham sido homologados 80%, faltando ainda a homologação dos restantes 20%. E para os homologados foram
abertos somente 150 concursos para regularizar os vínculos precários.
É inadmissível que se demore tanto tempo para fazer a homologação, assim como é inadmissível que apenas
tenham sido abertos 150 concursos. O que se exige é a homologação de todos os pareceres, a abertura de
todos os concursos e a integração de todos os trabalhadores, garantindo-lhes um vínculo e integrando-os nas
respetivas carreiras. Só assim serão salvaguardados os direitos destes trabalhadores e se reforçará o Serviço
Nacional de Saúde (SNS).
O PCP continuará a lutar, no âmbito do PREVPAP e todos os dias, contra a precariedade no SNS e na vida
dos trabalhadores.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Filipe
Anacoreta Correia.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Agradecemos ao PCP
a oportunidade de discutir em Plenário, de novo, uma das medidas considerada mesmo, por vezes, como a
medida desta maioria que quer sinalizar a mudança que pretendeu trazer à sociedade portuguesa, mas com o
Programa de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários da Administração Pública estamos diante de
uma enorme fraude.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — É uma fraude do tamanho deste Governo e apenas possível
porque é viabilizada por uma hipocrisia política da mesma dimensão, do mesmo tamanho, por parte desta
maioria.
Aplausos do CDS-PP.
Dizemos fraude não apenas porque, desde o início, este processo se caracteriza por atrasos e
incumprimentos de prazos. Aquilo que foi anunciado em 2015 e que teria início logo em 2016, ainda está apenas
a começar, no final de 2018, e, tanto quanto é sabido, com nenhum contrato implementado.
Na grande maioria que compõe esta Assembleia, e excluindo o segundo partido, todos estamos de acordo:
o calendário está atrasado e está a correr muito mal.
Também não dizemos fraude apenas pela enorme quantidade de pessoas que deixa de fora, em situações
que levantam dúvidas sobre a equidade do programa. Diversos colaboradores, dos mais variados organismos
estatais, ficaram de fora: trabalhadores de unidades ou estruturas de missão, formadores do IEFP, trabalhadores
da RTP e da Lusa, dos programas POLIS, de escolas e de universidades e de vários institutos e laboratórios de
investigação.
A grande maioria que compõe esta Assembleia, excluindo, talvez, o segundo partido, todos estamos de
acordo em que o programa não está a abranger tantos quantos dizia.