13 DE DEZEMBRO DE 2018
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No entanto, Sr. Deputado, o PSD recebeu um País na bancarrota. Já o Partido Socialista recebeu, em 2016,
um País em crescimento. Nessas circunstâncias, estamos conversados.
Já agora, e sobre prioridades, esperávamos nós que o Sr. Ministro nos desse alguma luz sobre, por exemplo,
uma questão que coloquei na minha intervenção: a questão da bitola europeia. O que é que o Partido Socialista
pensa acerca desta questão?
Uma outra questão, já que estamos a dias de celebrar o contrato de serviço público com a CP, é que não
sabemos sequer quais são as linhas, os serviços e as frequências.
Sr. Deputado, são estas as nossas prioridades.
Aplausos do PSD.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares: — Quais?!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís
Ferreira, de Os Verdes.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: As infraestruturas públicas
são a base física necessária para garantir os serviços públicos, dando cumprimento funcional a uma parte
importante das funções sociais do Estado.
Sucede que, ao longo da nossa história, muitas obras foram programadas sem o interesse público estar
acima de todos os outros interesses. Por isso, o retrato das nossas infraestruturas ganha, muitas vezes:
contornos mal definidos e custos pesados durante e após a obra, como é o caso da Parque Escolar; derrapagens
no tempo absolutamente inaceitáveis, como foi o caso da construção do túnel do Marão; indícios de gestão
danosa, nas quais o custo do investimento é suportado pelo erário público e os benefícios económicos são
arrecadados pelo setor privado, como é o caso das PPP (parcerias público-privadas) da saúde ou das vias
rodoviárias; e, por fim, obras onde o cinzento do cimento se sobrepõe ao verde da natureza e nas quais os
impactos ambientais são constantemente omitidos, como é o caso da barragem do Tua no Alto Douro Vinhateiro.
Não se estranha, por isso, que regiões inteiras, sobretudo o interior, tenham ficado à margem do investimento
em infraestruturas públicas, agravando a interioridade e o despovoamento e desperdiçando todo um potencial
existente nessas regiões.
Nós consideramos que é tempo de inverter esta situação. Mas Os Verdes duvidam muito que tenham sido
essas as reais preocupações desta iniciativa do CDS-PP. Porquê? Porque nós ainda não nos esquecemos de
que o CDS fez parte de um governo que vendeu importantes infraestruturas públicas, como os CTT, que
encerrou tribunais e outros serviços públicos por todo o País, com especial enfoque no interior, que empatou,
durante quatro anos, as obras em infraestruturas públicas de relevo, como o túnel do Marão, e que determinou
as prioridades de investimento do País em função das grandes transações internacionais do comércio e do
circuito de mercadorias e a entrega da gestão destes equipamentos a privados.
Por isso, dissemos e dizemos que, no Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas deixado pelo
Governo PSD/CDS, os projetos públicos considerados prioritários acentuavam ainda mais a litoralização do País
e davam prioridade, na área dos transportes, às mercadorias.
Ora, como alertámos na altura, essa orientação e planeamento de investimento iria não só agravar as
assimetrias regionais como beneficiar de forma muito clara e prioritariamente, para não dizer exclusivamente,
grandes setores económicos que não contribuem para o desenvolvimento social do País.
Esta não era, de todo, uma proposta ecologista de desenvolvimento do território, e é essa orientação que é
imperioso inverter, porque o interesse público tem de se assumir como elemento central do investimento nas
infraestruturas públicas, a bem das populações e do desenvolvimento harmonioso do País.
Uma nota final, apenas para fazer referência à única novidade que o CDS, hoje, trouxe a debate: ouvimos o
CDS acusar o PS de ter privatizado os CTT. Pois bem, quando se acusa e se aponta o dedo, mesmo que não
seja verdade, é porque não se está de acordo com a decisão e, por isso, torna-se legítimo esperar que o CDS
vote a favor da proposta que Os Verdes pretendem trazer ao Parlamento para reverter o processo de
privatização dos CTT. Vamos esperar que sim.