21 DE DEZEMBRO DE 2018
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Sr.ª Deputada, os profissionais e os utentes não se esquecem de que aumentaram o número de horas de
trabalho, que passou das 35 horas para as 40 horas, e também sabem que o CDS votou contra, quando o PCP
aqui apresentou a proposta de reposição das 35 horas.
A Sr.ª Deputada está muito preocupada com a desmotivação e a saída dos profissionais de saúde, mas
esquece-se de que o CDS-PP e o PSD têm enormes responsabilidades nisso. Esqueceu-se de dizer que o PSD
e o, então, Primeiro-Ministro disseram aos jovens médicos, e a todos os jovens, que emigrassem, que saíssem
da sua zona de conforto.
A Sr.a Rita Rato (PCP): — Exatamente! Bem lembrado!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Foi essa a vossa enorme responsabilidade.
Ouvimos dizer, aqui, na Assembleia da República, a diferentes responsáveis, à data, dos IPO e de outros
centros, mas particularmente daqueles institutos, que muitos profissionais, designadamente técnicos
qualificados, saíram para o estrangeiro, o que, na altura, pôs em causa a prestação de cuidados de saúde.
A Sr.ª Deputada refere que os profissionais em falta não são contratados. Pergunto-lhe: quantos concursos
os senhores abriram para contratar profissionais? Poucos ou nenhuns.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, peço-lhe que conclua.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, concluo dizendo que a Sr.ª Deputada Isabel Galriça Neto bem
pode aqui tentar fazer um exercício de branqueamento das suas responsabilidades, mas não consegue fazê-lo,
porque os portugueses, os utentes e os profissionais sabem qual é o caminho que gostaria de seguir.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para formular um pedido de esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Moisés
Ferreira, do BE.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Galriça Neto, a Sr.ª Deputada faz parte de um
partido que, quando esteve no Governo, cortou 1000 milhões de euros ao Serviço Nacional de Saúde. Ainda
assim, da tribuna, acusa a atual maioria parlamentar de cativar o Serviço Nacional de Saúde.
Mas aquilo que, na verdade, o seu discurso revela é que o CDS, sim, está extremamente cativo quando
discute a saúde, está cativo de um desejo que já nem consegue esconder, que é o desejo do colapso do Serviço
Nacional de Saúde, fazendo figas, todos os dias, para que haja alguma coisa de errado no serviço público de
saúde em Portugal, de forma a poder cavalgar essa onda; está cativo do oportunismo político de circunstância.
Sr.ª Deputada, não vou voltar a lembrar-lhe o cadastro do CDS-PP, quando esteve no Governo, em relação
à saúde, mas posso lembrar-lhe aquilo que fez há cerca de duas semanas, quando discutimos o Orçamento do
Estado: por exemplo, propusemos aqui a contagem de serviço integral dos técnicos superiores de diagnóstico
e terapêutica para estes fazerem uma transição correta, justa e digna para a nova carreira e o CDS-PP absteve-
se. Agora, a Sr.ª Deputada fala das reivindicações profissionais por oportunismo político!
Posso lembrar-lhe também, Sr.ª Deputada, o que aconteceu há duas semanas, quando o Bloco de Esquerda
propôs, igualmente em sede de Orçamento do Estado, a garantia de uma contagem correta do tempo de serviço
para os enfermeiros, para os profissionais de enfermagem e a Sr.ª Deputada e o CDS-PP abstiveram-se.
O Sr. Luís Monteiro (BE): — Vejam só!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Fala, agora, dos profissionais por oportunismo político, tentando cavalgar
uma onda de oportunismo político e de instrumentalização da luta e das reivindicações dos trabalhadores.
A Sr.ª Deputada falou da Lei de Bases, que é um ótimo assunto. A questão que se coloca é a de saber se o
CDS-PP vai continuar a insistir no seu preconceito ideológico contra o público, contra o Serviço Nacional de
Saúde, naquele que foi o grande erro da Lei de Bases de 1990, que teve o voto favorável do CDS-PP, e que é