I SÉRIE — NÚMERO 35
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Exilado em Paris, foi colaborador da Agence France-Presse, trabalhou no Centre de Formation des
Journalistese no Office de Radiodifusion et Télévision Française,tendo ainda integrado um dos mais reputados
jornais mundiais, o Le Monde, onde ficou amplamente conhecido pelo trabalho sobre os bairros de lata
parisienses.
Em 1973, regressa a Portugal, entrando para o Diário de Lisboa. Em 1975, foi nomeado diretor da RTP e,
em 1979, torna-se redator e diretor de informação da ANOP (Agência Noticiosa Portuguesa), permanecendo
nessa função até 1992. Foi durante esse período membro do Conselho de Imprensa e exerceu funções no
Conselho Geral do Sindicato dos Jornalistas, tendo sido o seu primeiro presidente.
Com uma carreira dedicada ao jornalismo, a sua vida não foi menos dedicada à defesa das liberdades
fundamentais e dos direitos humanos e pelo combate à discriminação racial, que por várias vezes o levaram à
prisão e ao exílio. Carlos Veiga Pereira envolveu-se ativamente na campanha de Humberto Delgado, fez parte
da Junta de Ação Patriótica, foi representante, já no exílio, da Frente Patriótica de Libertação Nacional, dirigente
do Movimento de Ação Revolucionária e defensor da independência das colónias portuguesas.
Reunida em sessão plenária, a Assembleia da República presta homenagem a uma vida dedicada ao
jornalismo e à luta pela liberdade e manifesta à família, amigos e camaradas de profissão de Carlos Veiga
Pereira o mais sentido pesar pelo seu desaparecimento.»
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar o voto que acaba de ser lido.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Passamos ao Voto n.º 703/XIII/4.ª (apresentado pelo CDS-PP e subscrito por Deputados do PSD) — De
pesar pelo falecimento de João Martins Vieira.
Este voto vai ser lido pelo Sr. Secretário, Deputado António Carlos Monteiro.
O Sr. Secretário (António Carlos Monteiro): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:
«Faleceu, no passado dia 29 de dezembro, João Martins Vieira, aos 79 anos de idade.
Natural de Lisboa, pai de dois filhos, João Martins Vieira dedicou, de forma abnegada, parte da sua vida ao
poder local, ao serviço da população e, em particular, à Câmara Municipal de Lisboa, onde exerceu funções de
Deputado municipal, em representação do seu partido, o CDS, e de vereador, com o pelouro da cultura, no
mandato do Presidente de então, o Engenheiro Nuno Krus Abecasis.
Licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão e Mestre em Gestão Estratégica pelo
Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, teve uma intensa atividade profissional, sobretudo ligada
ao setor do turismo, desempenhando funções de direção e administração na Secção de Turismo da Sociedade
de Geografia de Lisboa, no Comissariado-Geral da FIL e na Associação Industrial Portuguesa (AIP). Foi ao
serviço da AIP, na qualidade de Vice-Presidente, que contribuiu para o lançamento da primeira feira de turismo
em Portugal. Do seu extenso percurso profissional, contam-se ainda as passagens relevantes pelo Banco
Mundial e a União Europeia, onde desenvolveu, no âmbito do turismo, ações de auditoria, formação e estudos
sobre grandes empreendimentos públicos, no continente africano e nos países da Europa Central e de Leste.
Manteve-se aliado ao meio académico durante parte da sua vida profissional, tendo lecionado na
Universidade Lusófona de Lisboa e produzido dezenas de artigos sobre o setor do turismo.
Quem com ele contactou, no ensino ou na política, lamenta o desaparecimento deste homem bom e
dedicado, e nunca esquecerá o exemplo que lhes deixou.
A Assembleia da República reconhece a João Martins Vieira a dedicação ao País e em particular à cidade
de Lisboa, que o notabilizou na sociedade portuguesa, e apresenta a toda a sua família e amigos as suas
sentidas condolências.»
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
O Sr. Paulo Trigo Pereira (N insc.): — Sr. Presidente, peço desculpa, permite-me o uso da palavra?