5 DE JANEIRO DE 2019
39
Entretanto, reassumiu a presidência o Presidente, Eduardo Ferro Rodrigues.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Paulo Trigo Pereira (N insc.): — Para terminar, Sr. Presidente e Srs. Deputados, a descentralização
não pode parar, mas não está a ser feita da melhor forma, e a responsabilidade é do Governo, é do PS, é do
PSD e é também, pela forma como participaram no Orçamento do Estado, dos outros partidos.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Ministro da Administração Interna, Eduardo
Cabrita.
O Sr. Ministro da Administração Interna: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Saúdo as bancadas
parlamentares que, com estes pedidos de apreciação parlamentar, permitiram colocar no centro do debate
político aquela que é uma decisiva marca desta Legislatura.
Esta Legislatura ficará conhecida pela forma como foram aprovados quatro Orçamentos do Estado que
devolveram a dignidade e a autonomia ao poder local democrático e que contribuíram para o maior crescimento
de verbas jamais verificado em qualquer legislatura.
Foi, assim, reforçada a participação das autarquias, justamente combatendo uma marca de centralismo que,
ainda hoje, nos compara mal com os outros países no quadro europeu. De facto, os pouco mais de 14% da
despesa pública que afetamos à gestão local comparam mal com os 24% dos outros países no quadro da União
Europeia.
É este caminho decisivo para uma efetiva descentralização que está no Programa do Governo, quando
afirmamos que este é o pilar fundamental da reforma do Estado. Quando o Primeiro-Ministro assume que esta
é a pedra angular da reforma do Estado, assumimos orgulhosamente que esta é a maior reforma da estrutura
do Estado, e é feita no quadro desta Legislatura. E fazemo-lo em debate profundo, envolvendo todos os autarcas
portugueses. Este é o processo político e legislativo mais participado destes quatro anos da Legislatura, porque
envolveu a criação de um consenso,…
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Consenso?! Não há nenhum consenso!
O Sr. Ministro da Administração Interna: — … que permitiu a aprovação, por unanimidade, nos congressos
da Associação Nacional de Municípios Portugueses e da Associação Nacional de Freguesias, da base que nos
trouxe ao debate parlamentar.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Não é a mesma coisa! Aquilo que foi aprovado nos congressos não é o que
está na proposta do Governo!
O Sr. Ministro da Administração Interna: — Este processo permitiu que todos os diplomas que hoje são
objeto de apreciação parlamentar tenham sido discutidos profundamente, um a um, em encontros em que o
Governo tinha sempre à sua frente, pelo menos, três autarcas, um eleito pelo PS, outro eleito pelo PSD e outro
eleito pela CDU.
Todos estes diplomas, como refere o artigo 44.º da Lei-Quadro, que, em boa hora, com base num acordo
político alargado, foi aprovada, bem como a Lei das Finanças Locais, tendo ambas sido publicadas no passado
dia 16 de agosto de 2018, permitiram consolidar a recuperação da autonomia e o reforço da participação local
no desenvolvimento económico, cumprindo a Constituição.
A Constituição exige-nos não palavras retóricas de elogio aos autarcas, mas efetiva aplicação e cumprimento
do princípio da subsidiariedade, da defesa da autonomia local e da efetiva concretização da descentralização
democrática da Administração Pública.
Por isso, o que diriam alguns se, no Orçamento do Estado, estivessem as dotações dos diplomas, cumprindo
a lei aprovada por esta Assembleia e publicada em 16 de agosto, e não estivesse ainda fechada a discussão
dos diplomas setoriais com a Associação Nacional de Municípios Portugueses?!