I SÉRIE — NÚMERO 40
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Que fique claro: a sucessiva disparidade salarial, em especial aquela que não tem em conta o mérito dos
trabalhadores, preocupa o CDS, que está disponível para discutir as melhores soluções para que a distribuição
do rendimento do trabalho seja mais justa. Porém, aquilo para que o CDS não está disponível é para alinhar em
soluções demagógicas, populistas e politicamente hipócritas.
Protestos de Deputados do PS e do PCP.
É demagógico, porque o PS considera que a tributação pelo IRS é insuficiente para resolver este problema,
logo, resolve que quer penalizar as empresas e os seus gestores. O PS acha que é dono da economia, acha
que é dono de todas as empresas no País. E esta é uma solução mesmo à socialista: o que o PS quer é nivelar
por baixo, é castigar.
Protestos da Deputada do BE Mariana Mortágua.
Por que razão é que o PS não cumpre aquela que é a sua principal responsabilidade, a responsabilidade do
Governo, que é a de criar condições para que as empresas possam remunerar melhor os seus trabalhadores,
para que suba aquele que é o rendimento dos seus trabalhadores?!
Ora, não vos ocorreu que há mecanismos, nomeadamente em matéria tributária, que poderiam ser
utilizados?! Os senhores acham que se devem penalizar com IRS as horas extraordinárias que são feitas pelos
trabalhadores?! E, em relação aos prémios que são pagos aos trabalhadores, querem debater a tributação que
deve ser feita sobre esses mesmos prémios? Estamos disponíveis para o fazer, mas não é essa a solução que
os senhores apresentam!
Aquilo que vemos é que os senhores não estão preocupados em incentivar as melhores remunerações dos
trabalhadores em função do seu mérito nas empresas. Por isso é que nós dizemos que isto é populismo no seu
pior!
O PS, repito, acha que é dono de todas as empresas que operam em Portugal, sejam de capitais
portugueses, privados, estrangeiros, e não se preocupa — pior ainda! — em dar o exemplo nas empresas
públicas.
Sr. Deputado Ivan Gonçalves, não preciso relembrar aqui os salários obscenos que eram pagos nos tempos
de Governos socialistas a gestores públicos com empresas falidas e que não tinham resultados que permitissem
pagar esses salários! Quer que lhe diga nomes das empresas?!
E agora os senhores vêm dizer que estão preocupados com os vencimentos pagos aos gestores públicos?!
Então, por que razão é que votaram contra as propostas do CDS,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ora!
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — … os projetos de lei do CDS, para limitar o vencimento dos
gestores públicos a 90% do vencimento do Sr. Presidente da República?!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Exatamente! Bem lembrado!
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Por que razão é que votaram contra? Não se incomodaram
nessa altura?
Por que razão é que, em relação à Caixa Geral de Depósitos, quando o CDS fez aqui propostas para limitar
os vencimentos, os senhores também votaram contra?
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ora!
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Por isso, Sr. Deputado, virem, no final da Legislatura, com um
projeto de resolução neste sentido só pode justificar-se por pura hipocrisia política e porque, realmente, as
eleições se estão a aproximar.