I SÉRIE — NÚMERO 40
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O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Atenção ao tempo, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Sandra Pereira (PSD): — Vou terminar, Sr. Presidente.
A concertação social só é relevante para o Partido Socialista quando lhe é conveniente politicamente, para
não ter de tomar decisões, e foi isso que aconteceu.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Sandra Pereira (PSD): — O Partido Social Democrata, pelo contrário, defende que todos os assuntos,
nesta matéria, devem ser discutidos e aprofundados em concertação social, onde o nível de compromisso é
elevado e é mais consistente.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado não inscrito Paulo
Trigo Pereira.
O Sr. Paulo Trigo Pereira (N insc.): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, a fixação de um
limite à disparidade salarial nas empresas insere-se numa lógica de combate às desigualdades que consta do
Programa do Governo, e subscrevo-a na generalidade.
Apesar de esta medida poder ser implementada por via fiscal, como já foi referido, o modelo agora proposto
é também possível. Impõe um limite a todas as empresas e penaliza as que não o façam. Esta penalização
concretiza-se por via de um agravamento da sua contribuição para a segurança social e pela limitação do acesso
a apoios públicos.
Note-se, contudo, que a concretização desta medida deverá fazer referência ao salário mediano — e não
médio, como consta do projeto — dos trabalhadores. O projeto diz «mínimo, médio e máximo» e deve dizer
«mínimo, mediano e máximo».
Além de mecanismos de penalização, deverá haver a fixação de mecanismos de incentivo ao cumprimento
do limite. Aqui, a fixação de um critério de bonificação no plano da contratação pública poderá ser o mais
adequado.
Para finalizar, estas questões só podem e só devem ser feitas com o envolvimento empenhado da
concertação social e uma distinção clara entre as empresas do setor público empresarial e as empresas
privadas.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Começar a discutir uma matéria sobre
disparidades salariais, uma proposta do PS, com o acordo do PSD e com o Deputado Paulo Trigo Pereira a
dizer que precisa de ser discutida em concertação social demonstra logo que estamos a discutir uma proposta
que nada vai alterar de muito significativo.
De facto, as disparidades salariais não são distrações do patronato, o patronato não as pratica, porque se
distraiu, estando a pagar salários diferentes.
Nos últimos anos, no nosso País, tem aumentado a diferença entre os salários dos administradores e dos
trabalhadores e ninguém pode negar que essa diferença é escandalosa.
Em 2017, os presidentes dos conselhos de administração das empresas do PSI-20 ganharam, em média, 46
vezes mais do que o custo médio que as suas empresas assumiram com os trabalhadores, isto é, um trabalhador
seria obrigado a trabalhar 46 anos para ganhar o valor que o presidente do conselho de administração ganha
em um ano.
Não podemos, também por isso, dizer que os problemas e as diferenças não são apenas salariais, são,
sobretudo, entre capital e trabalho e os rendimentos respetivos.
Em final de setembro de 2018, discutimos um projeto de lei com objetivo idêntico ao deste projeto de
resolução que o PS agora apresenta. Na altura, dissemos que a proposta em discussão denunciava um