I SÉRIE — NÚMERO 50
14
As autoestradas têm um custo e há, basicamente, dois modelos para o financiar: ou por impostos ou segundo
o princípio do utilizador-pagador, que é através das tarifas e das portagens.
O que está aqui em causa é precisamente o modelo. O modelo português comportou uma série de erros,
todos sabemos isso. Fizemos autoestradas a mais e agora temos estes pesados encargos para pagar. Abolir
portagens significaria renegociar contratos de concessão e, portanto, o Estado teria de entrar com impostos para
financiar essas renegociações.
De todos os projetos que aqui estamos a analisar, o único que merecerá o meu apoio será o projeto de
resolução do PSD relativamente à autoestrada do Pinhal Interior. E porquê? Porque, para já, é o único projeto
que fala em redução de portagens e porque o Governo, em 2016, já promoveu uma redução do preço de todas
as portagens que vou enunciar: da A4, da A22, da A23, da A24 e da A25. Houve uma redução de 15%
precisamente com a justificação do desenvolvimento económico e social do País, de serem zonas deprimidas,
com baixo poder de compra, e, no caso do Pinhal Interior, como aliás já foi referido pela Sr.ª Deputada Fátima
Ramos, de ser uma zona fustigada por incêndios.
Portanto, não iludamos os portugueses nestas votações e nestes projetos. Há sempre necessidade de
financiar as autoestradas que, bem nuns casos, mal noutros, foram construídas neste País. E só há dois
modelos: ou são pagas pelo utilizador ou pelos impostos, ou seja, por todos os portugueses. O modelo que
temos em cima da mesa é o que conhecemos e, portanto, não vale a pena iludir os portugueses nesta questão.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Agradeço que termine, Sr. Deputado.
O Sr. PauloTrigoPereira (N insc.): — A terminar, Sr. Presidente, uma última nota sobre a Via do Infante e
a estrada nacional n.º 125.
Quem anda na estrada nacional n.º 125 sabe que ela teve melhoramentos muito significativos e substanciais
e, portanto, se ela é mais congestionada é porque é uma alternativa à Via do Infante, à A22, que pode ser
utilizada. Está em perfeitas condições, ao contrário do que aqui foi referido.
Aplausos dos Deputados do CDS-PP Cecília Meireles e Hélder Amaral.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Hélder
Amaral, do Grupo Parlamentar do CDS-PP.
O Sr. HélderAmaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: O CDS-PP não votará
contra estas iniciativas, porque quer ver até onde vai a falta de vergonha da geringonça — PCP, Bloco de
Esquerda, PS e Partido Ecologista «Os Verdes».
Isto tem uma origem. Como dizia ainda agora o Deputado Paulo Trigo Pereira, a origem é o PS das vacas
gordas. O PS das vacas gordas pejou o País de autoestradas e de subconcessões, que desequilibraram as
contas públicas e levaram os contribuintes portugueses ao desespero. E, já agora, levaram o País à pré-
bancarrota.
O agora PS das vacas voadoras vem com uma ficção de reduções que ninguém percebe, sem equidade,
sem justiça e sem clareza.
Gostava ainda de lembrar o seguinte pormenor: é preciso não ter vergonha nenhuma para que, no Orçamento
que acabámos de votar, esta questão não tenha sido posta em cima da mesa e resolvida.
Aliás, quero lembrar que a geringonça votou um aumento de 0,08 €/litro sacado ao bolso dos portugueses
— muitos milhões sacados ao bolso dos portugueses. Sabem onde? No ISP (imposto sobre produtos petrolíferos
e energéticos) e na taxa de carbono. Quem é que votou o aumento do ISP e da taxa de carbono? A geringonça!
Em relação ao imposto único de circulação, sabem quanto é que os portugueses pagam mais? E em relação
à taxa de CO2 e ao imposto sobre veículos?
Tudo isso foi aprovado no último Orçamento — muitos milhões retirados aos bolsos dos portugueses —, com
os votos favoráveis do PS, do PCP, do Bloco de Esquerda e do Partido Ecologista «Os Verdes». E vêm agora
dizer «têm de se abolir as portagens em todo o País»?! De facto, é preciso não ter vergonha nenhuma!