9 DE FEVEREIRO DE 2019
53
Declarações de voto enviadas à Mesa para publicação
Relativa aos Projetos de Resolução n.os 1827, 1837, 1859, 1829, 1834 e 1857/XIII/4.ª:
Na passada sexta-feira, foram votados em Plenário seis projectos de resolução apresentados pelo PCP, por
Os Verdes e pelo BE onde genericamente se recomendava ao Governo a eliminação das portagens nas ex-
SCUT (A23 e A25).
Talvez com esta explicação mais detalhada, possam os habitantes dos distritos da Guarda e de Castelo
Branco perceber melhor a razão de ser de tanta recente «mediatização», ou não estivéssemos em ano em que
dois atos eleitorais se avizinham. Designadamente, o que é um projeto de resolução, onde apenas se recomenda
alguma coisa a um governo (do qual os próprios autores, PCP e BE, fazem parte) e no fundo a hipocrisia política
em que isto tudo se traduz.
Não, estas iniciativas não têm qualquer efeito prático na efetiva abolição de portagens. Não, não são nem
projetos de lei, nem propostas de lei.
Este é um exercício que foi sendo repetido ao longo dos últimos anos, vezes sem conta, até com os mesmos
e exatos textos e não são, pois, mais do que puro ato de demagogia política.
Acabar com as portagens significa transferir encargos dos utilizadores para os contribuintes, ou seja, mexer
no Orçamento do Estado (OE).
Ora, se essa era realmente a intenção destes partidos da esquerda, a pergunta que deverá ser colocada é a
de que, por que razão não terão sido estas propostas (mas com valor de lei) apresentadas por ocasião do debate
dos últimos quatros Orçamentos do Estado e que comunistas e bloquistas diligentemente aprovam desde 2016?
E por que razão não condicionaram estes partidos o apoio ao governo do PS e a aprovação dos Orçamentos
de 2016, 2017, 2018 e 2019 à abolição destas portagens? Por puro calculismo, demagogia e hipocrisia política.
Uma vergonha!
O PS votou contra e chumbou as propostas destes partidos. Mas alguns Deputados socialistas foram-se
revezando no apoio intermitente às propostas da esquerda radical, em função da relação destas com os distritos
por onde foram eleitos.
Ou seja, os Deputados do PS eleitos por Castelo Branco acham bem que se acabe com as portagens na
A23, mas acham que se devem manter na A24. Já os de Vila Real entendem que as portagens podem acabar
na A24, mas devem continuar na A23.
Um elogio fúnebre à coerência e à justiça territorial e uma incontrolável vontade de enganar os eleitores
destas regiões.
Deviam, pelo menos, recordar que o País em geral e o interior em particular têm esta sobrecarga nos ombros
por causa dos desmandos do socratismo que tanto veneram e recordar quem, em 2010, aprovou a cobrança
destas portagens, acrescendo o facto de que as promessas do Dr. António Costa para reduzir significativamente
as portagens no interior nunca foram cumpridas.
Não, na política não vale tudo!
Sim, é preciso reduzir as portagens no interior, tornando-as mais justas e solidárias. Mas se o queremos
realmente fazer terá de ser no momento certo e de forma séria: por ocasião do debate e aprovação dos
Orçamentos de Estado e encontrando a forma de compensar a perda de receitas necessárias para honrar as
dívidas herdadas dos Governos do Eng.º Sócrates, mobilizando, por exemplo, para este fim uma parte das
receitas geradas com o brutal aumento de impostos com que o atual Governo nos brindou em matéria de
combustíveis.
O Grupo Parlamentar do PS, em bloco, foi quem votou contra e chumbou estas iniciativas.
Os Deputados eleitos pelo PSD pelos círculos eleitorais da Guarda e de Castelo Branco, tal como o restante
grupo parlamentar, abstiveram-se nessas iniciativas.
Todavia, não podem os aqui subscritores, em consciência, deixar de lembrar que:
a) Se o princípio que esteve subjacente à criação das SCUT foi o de beneficiar regiões que ainda não tinham
atingido os níveis de desenvolvimento de outras zonas mais favorecidas do país e se a equiparação entre estas
regiões ainda não foi feita (bem pelo contrário, ainda se agravou), justifica-se plenamente, e em tese, a
manutenção de tal princípio e, portanto, a existência das SCUT;