I SÉRIE — NÚMERO 50
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PSD tem, de resto, pensamento próprio, há muitos anos, sobre esta matéria. Aliás, desde a discussão da lei de
bases, em 2004, no tempo do Ministro da Educação David Justino, que a questão se coloca. Já nessa altura se
previa uma restruturação do sistema em 6+6, em que o ensino básico e o ensino secundário seriam universais,
obrigatórios e gratuitos, organizados em conjunto, constituindo um percurso articulado, sequencial e coerente
com a duração total de 12 anos.
Mas nunca foi nosso entendimento fazer alterações nos ciclos de forma avulsa, pontual, desgarrada ou
mesmo desintegrada de uma visão de conjunto sobre a educação.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Nilza de Sena (PSD): — Por esse motivo, permanecem muitas dúvidas face aos projetos hoje
apresentados.
A iniciativa do CDS, mais prudente, sugere um estudo com vista à viabilidade da restruturação dos ciclos de
ensino, substituindo a atual partição de quatro ciclos, considerando todas as alterações e consequências
decorrentes e avaliando os respetivos impactos.
O PCP, permitam-me, está naquela fase em que se percebe que já não gosta muito do casamento com o
PS. Aliás, dedica-se ao apontamento de um conjunto de defeitos do seu parceiro, desde críticas da mais diversa
natureza: críticas a Maria de Lurdes Rodrigues, críticas à restruturação da rede, ao encerramento das escolas
do 1.º ciclo, à implementação das AEC (atividades de enriquecimento curricular), à alteração da carga horária,
à reorganização curricular, por aí fora.
Vem o PCP recomendar ao Governo que promova um amplo debate nacional, envolvendo especialistas e
agentes educativos, sobre a organização do 1.º ciclo do ensino básico, abrangendo a reorganização da rede
escolar, a organização pedagógica, o regime de docência, a avaliação e a constituição das turmas, a
reorganização dos ciclos de ensino, a reorganização curricular, um infindável número de temas.
Gostaria de perguntar ao PCP, considerando a exposição de motivos do seu diploma, se defende o
prolongamento da monodocência para o 2.º ciclo. Acho que esta questão se coloca. E o que aconteceria,
entretanto, aos professores do 2.º ciclo? E se defendem o fim das AEC e da escola a tempo inteiro, quero
lembrar que apoiam um governo que prometeu, mas também não cumpriu, o seu alargamento para o 2.º ciclo.
Em que ficamos? Uma coisa ou outra?
A posição do PSD é clara há muito tempo: depois do alargamento da escolaridade obrigatória pelo anterior
Governo em 2014-2015, faz sentido uma futura revisão da lei de bases para refletir sobre esta questão da revisão
de ciclos. Mas tentar, aqui e ali, maquilhar esta lei de bases de 1986 com toques pontuais, ao sabor das
conveniências, não!
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Nilza de Sena (PSD): — É preciso garantir, como disse Mandela, que «a educação continua a ser a
arma mais poderosa para mudar o mundo». Para isso, devemos garantir a sua integridade.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para encerrar o debate, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Rita Bessa, do Grupo
Parlamentar do CDS-PP.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: No final deste debate,
gostaria de dar alguns esclarecimentos e refrescar algumas das memórias desta Câmara.
Começando pela Sr.ª Deputada Odete João, que me merece o maior respeito, direi que provavelmente já
não se lembrará do seu próprio Programa do Governo, que dizia, num capítulo cujo título é Combater o insucesso
na sua raiz: «Promover uma maior articulação entre os três ciclos do ensino básico, redefinindo
progressivamente a sua estrutura de modo a atenuar os efeitos negativos da transição entre os ciclos». Por isso,