28 DE FEVEREIRO DE 2019
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Considerado um dos maiores especialistas na obra de Camilo Castelo Branco, deixa-nos vários ensaios e
críticas literárias sobre este e outros nomes maiores da literatura portuguesa, como Almeida Garrett, Eça de
Queiroz, Trindade Coelho, Carlos Malheiro Dias, Tomaz de Figueiredo ou João de Araújo Correia, entre outros.
Do seu percurso pelo mundo das letras e da cultura portuguesa fizeram parte também a passagem pela
Editorial Verbo, onde coordenou obras de referência como a Enciclopédia do Século XXI ou a Enciclopédia
Luso-Brasileira de Filosofia Logos, bem como a colaboração com importantes revistas literárias, entre as quais
podemos destacar a Colóquio/Letras ou a Távola Redonda.
João Bigotte Chorão foi membro da Academia das Ciências de Lisboa e do Instituto Luso-Brasileiro de
Filosofia. Dirigiu, ainda, o Círculo Eça de Queiroz.
No registo autobiográfico, que cultivou de forma ímpar e superior, João Bigotte Chorão publicou, em 2001, o
Diário Quase Completo, obra com a qual conquistou o Grande Prémio de Literatura Biográfica da Associação
Portuguesa de Escritores.
Nesta obra está bem patente o traço profundamente humanista do escritor, bem assim como as suas
elevadas qualidades intelectuais e literárias, também refletidas em obras como Aventura Interior, O Escritor e a
Cidade, OEspírito da Letra, Além da Literatura e, já em 2018, o Diário 2000-2015.
Reunidos em sessão plenária, os Deputados à Assembleia da República manifestam à família e amigos de
João Bigotte Chorão o mais sentido pesar pelo seu desaparecimento.»
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Vamos votar este voto, Srs. Deputados.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Segue-se o Voto n.º 748/XIII/4.ª (apresentado pelo PAR e subscrito por Deputados do PSD e do PS) — De
pesar pelo falecimento de José Carlos Sequeira Costa, que vai ser lido pela Sr.ª Secretária, Deputada Sandra
Pontedeira.
A Sr.ª Secretária (Sandra Pontedeira): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:
«Faleceu aos 89 anos, no passado dia 21 de fevereiro, em Olathe, Kansas, nos Estados Unidos, José Carlos
Sequeira Costa, um dos maiores pianistas portugueses do último século e um ilustre pedagogo. A sua arte está
registada em ampla obra discográfica.
Intérprete de grande clareza musical, soube associar o rigor e a exigência à criatividade, sendo exímio no
reportório romântico.
Discípulo de Vianna da Motta, formou-se nas escolas pianísticas alemã e francesa com Mark Hamburg,
Edwin Fischer, Marguerite Long e Jacques Fevrier. Através de Vianna da Motta, aluno de Liszt, José Carlos
Sequeira Costa filiava-se espiritualmente neste grande compositor.
Desde muito cedo, o seu mérito foi aclamado nas grandes salas de concerto e como tal era reconhecido
pelos seus pares. Em 1951, aos 22 anos, recebeu o Segundo Grande Prémio Internacional de Piano Marguerite
Long.
Fundador, em 1957, do Concurso Vianna da Motta, que animou ao longo da vida, a José Carlos Sequeira
Costa se deve a proposta de criação, em 1979, do Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim —
Costa Verde, muito contribuindo para trazer a Portugal grandes nomes da arte do piano.
A nível internacional, integrou, em 1958, o júri do Concurso Internacional Tchaikovsky, a convite de
Chostakovitch, e foi júri do Concurso de Piano Chopin, bem como de outros de elevado prestígio.
Não lhe faltou também coragem. Num tempo em que tal não era fácil nem evidente, divulgou no nosso País
a grande escola pianística russa.
Como pedagogo, deu numerosas master classes e ocupou, a partir de 1976, o lugar de Cordelia Brown
Murphy Distinguished Professor of Piano, na Universidade do Kansas.
Em 2004, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
Reunida em sessão plenária, a Assembleia da República lamenta profundamente a morte do cidadão ilustre
e endereça à família e amigos de José Carlos Sequeira Costa as suas mais sentidas condolências.»
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Vamos votar este voto, Srs. Deputados.