9 DE MARÇO DE 2019
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A Sr.ª RitaRato (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: O Dia Internacional da Mulher
é um dia para celebrar a vida que é de luta todos os dias. Um dia de luta e de homenagem a todas as mulheres
que não desistem de lutar por um País mais justo e uma vida melhor para elas e para todos.
É um dia de homenagem:
A todas as que, com horários de trabalho do século XIX, são obrigadas, no século XXI, a fazer jornadas de
9, 10 e 12 horas diárias de trabalho em troca de um salário de miséria;
A todas as trabalhadoras e trabalhadores que resistem à repressão, à intimidação e ao assédio no local de
trabalho — um forte abraço solidário do PCP a essas trabalhadoras e trabalhadores, em particular à operária
corticeira Cristina Tavares, que queremos homenagear neste dia pela sua resistência histórica em defesa do
seu posto de trabalho;
Aplausos do PCP e de Deputados do BE.
A todas as que trabalham por turnos, aos sábados, domingos, feriados, numa absoluta selvajaria de horários
sem a devida compensação salarial e tempo de descanso por esse prejuízo;
A todas as que veem recusado o horário para acompanhamento dos filhos e a quem obrigam a decidir se
mantêm o posto de trabalho ou se são acusadas de abandono dos filhos;
A todas as que não podem deixar de cumprir horários de trabalho desumanos e são obrigadas a deixar os
filhos com familiares, irmãos e vizinhos sem condições de estabilidade para os acompanhar e ver crescer.
É um dia de homenagem:
A todas as que lutam contra as discriminações salariais diretas e indiretas.
A todas as mulheres que saem de casa de madrugada quando todos ainda dormem, asseguram a limpeza
de tantos locais de trabalho, como aqui na Assembleia da República, onde fazem falta todos os dias, mas são
subcontratadas através de empresas que pagam salários muito baixos.
A todas as mulheres que, por todo o País, e também aqui nesta Casa, asseguram bares e cantinas, garantem
condições de trabalho, mas auferem salários muito baixos para o valor e a importância do seu trabalho.
A todas aquelas que, quando chegam à paragem de autocarro, à estação do comboio ou ao barco, já
carregam às costas horas de trabalho doméstico não remunerado e poucas horas de sono ou a todas aquelas
que, sem transportes públicos, são quase obrigadas a pagar para ir trabalhar.
É um dia de homenagem:
A todas as avós que esticam pensões e salários para ajudar filhos e netos.
A todas aquelas que são obrigadas a abandonar o trabalho para acompanhar os filhos e idosos com
necessidades especiais.
A todas as mulheres imigrantes que, sobrevivendo com tantas dificuldades, conseguem enviar dinheiro para
as suas famílias nos seus países.
A todas elas dizemos que os direitos nunca foram oferecidos, foram sempre conquistados com a coragem e
a resistência de gerações e gerações de mulheres ao longo dos anos.
A todas elas reafirmamos o nosso compromisso de não ceder um milímetro no combate em defesa dos
direitos das mulheres, no combate à violência doméstica — um combate de todos os dias! —, na luta pela
igualdade na família, no mundo do trabalho, na sociedade, contra todas as formas de violência e de
discriminação às mulheres.
Hoje, como sempre, continuaremos a erguer a bandeira das mulheres e dos homens que não desistem de
lutar pela sua dignidade, porque a luta emancipadora das mulheres é inseparável da luta por uma sociedade
mais justa e avançada.
Por isso, em breve, com a discussão e a votação da legislação laboral, cá estaremos a propor o fim da
desregulação do horário de trabalho, dos bancos de horas, das adaptabilidades e dos horários concentrados.
Cá estaremos a defender o aumento do salário mínimo para 650 € ainda neste ano, e são maioritariamente as
mulheres que sobrevivem com o salário mínimo.
Aplausos do PCP.