20 DE MARÇO DE 2019
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Tudo aquilo que os senhores disseram nas últimas 24 horas só demonstra o seguinte: em primeiro lugar,
estão verdadeiramente contra que se dê prioridade à promoção do transporte público;…
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Não estamos, não!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … em segundo lugar, estão contra a redução dos tarifários; e, em terceiro lugar,
estão contra a extensão de todo este programa a todas as portuguesas e a todos os portugueses. Estamos
entendidos sobre esta matéria, Sr. Deputado!
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para formular as suas perguntas, tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins, do
Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, se me permite, quero deixar uma
primeira nota sobre o que acabámos de ouvir.
É bom lembrarmos o que é eleitoralismo. Eleitoralismo é fazer um simulador no Portal das Finanças para a
devolução de uma sobretaxa que nunca aconteceu ou ouvir Pedro Passos Coelho, a uma semana e picos das
eleições, dizer que os contribuintes iriam receber uma parte importante dessa sobretaxa.
Aplausos do BE.
Nós sabemos o que é eleitoralismo!
Sabemos também o que é pouco credível. Pouco credível é ver os partidos PSD e CDS, que tentaram fazer
à Metro, à Carris e à STCP (Sociedade de Transportes Coletivos do Porto, S.A.) o mesmo que fizeram aos CTT,
estarem agora preocupados com a oferta de transportes coletivos.
Aplausos do BE e da Deputada do PS Sónia Fertuzinhos.
Sr. Primeiro-Ministro, a medida da redução do preço dos passes dos transportes é uma medida importante,
uma medida de que o Bloco se orgulha,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ah! É do Bloco?!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — … uma medida que, com certeza, tem ainda muito por onde se desenvolver,
mas é uma medida típica desta solução política. Primeiro, porque parou as privatizações de transportes
pretendidas pela direita e, por isso, se pôde avançar.
Em segundo lugar, porque é uma medida de recuperação de rendimentos, salários e pensões, pois ficarão
mais salário e mais pensão disponíveis no final do mês, quando o preço do passe dos transportes for mais baixo.
Em terceiro lugar, porque é, claramente, uma opção pelo desenvolvimento dos transportes coletivos públicos,
que é a única compatível com o compromisso para o clima.
Sr. Primeiro-Ministro, temos trabalhado esta solução ao longo da Legislatura, não sem divergências e
algumas dificuldades.
Lembro que, em 2016, quando o Bloco de Esquerda apresentou aqui, na Assembleia da República, um
projeto de resolução para um passe intermodal que englobasse todas as operadoras das Áreas Metropolitanas,
de modo a que, entre Áreas Metropolitanas, autarquias, Parlamento e Governo, a medida avançasse, só o
Partido Socialista é que votou com o Bloco de Esquerda, e a medida não passou.
Também em 2017, quando fizemos o acordo na Câmara de Lisboa, assumimos, conjuntamente, Bloco de
Esquerda e Partido Socialista, o compromisso de, na autarquia, no Governo e no Parlamento, agirmos para a
redução da tarifa de transportes. Ainda bem que o fizemos! Temos, agora, o resultado à vista: começa na Área
Metropolitana de Lisboa e na do Porto, vai-se estendendo a todo o País, e é importante.