I SÉRIE — NÚMERO 65
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imprensa, na rádio, na televisão e no digital. São os donos da informação, estando cada vez mais presente
capital estrangeiro e banca privada na sua estrutura acionista.
Uma das questões centrais é esta: quem detém a produção da informação e de diversos conteúdos; quem
detém a sua distribuição e o acesso a essa mesma informação ou conteúdos; e, sobretudo, que interesses
servem estes proprietários do digital e, já agora, do não-digital. É que serão esses interesses a determinar a
ação destes grupos, seja nos algoritmos criados, seja na produção de conteúdos, seja na produção de
informação, de desinformação ou de manipulação da notícia.
O caminho de aprofundamento da concentração da propriedade dos meios de comunicação social e o
controlo pelas multinacionais da fileira mediática e de informação digital constituem uma grave ameaça ao
pluralismo, às liberdades de imprensa, de expressão e de informação.
Estas são questões que não podem ficar à parte neste debate.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem, agora, a palavra o Sr. Deputado Jorge Paulo
Oliveira, do PSD.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Ao fim de, sensivelmente, 2
horas, que podemos nós concluir deste debate? Podemos concluir que, na bancada mais à esquerda deste
Hemiciclo, se senta um partido político que é fiscalmente insaciável e que, uma vez mais, mostrou ser um partido
político doutrinador.
Mas vamos por partes. Todos sabemos — e já aqui foi referido, por diversas vezes, esta tarde — que o setor
digital é dominado pelas multinacionais norte-americanas e que os demais Estados têm dificuldade em tributar
os serviços e bens prestados online por essas multinacionais e por outras empresas nos seus respetivos
territórios.
Mas, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, toda a economia — insisto, toda a economia — está impregnada
pelo setor digital. E, se assim é — e nós sabemos que assim é —, a solução terá de ser necessariamente
encontrada num espaço mais amplo, que naturalmente é superior ao de um Estado.
Por isso é que o futuro das regras internacionais da tributação relativas à economia digital está a ser discutido,
neste momento, no quadro inclusivo da OCDE, que agrega 113 países.
Não restam dúvidas para ninguém: qualquer país que decida avançar unilateralmente irá simplesmente
comprometer o crescimento da economia digital no seu próprio território. Isto é evidente para todos.
Vozes do PSD: — Claro!
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — O Bloco de Esquerda sabe que assim é, mas essa circunstância é-lhe
totalmente indiferente. E é-lhe totalmente indiferente, porque, para o Bloco, a riqueza, venha ela de onde vier,
deve ser simplesmente apropriada pelo Estado. O Bloco de Esquerda adora, adora criar impostos!
Protestos do BE.
E este imposto, nos termos em que nos é apresentado, à revelia de qualquer estudo técnico internacional,
em clara violação da lei de enquadramento orçamental, de forma unilateral, é a cara chapada do Bloco de
Esquerda.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Estudem, estudem!
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Este é o Bloco de Esquerda que gosta, como digo, de criar impostos.
Por isso, porque é um partido que gosta de criar impostos, apoia um Governo que é, nem mais nem menos,
o campeão da carga fiscal em Portugal, o campeão da arrecadação fiscal, em Portugal.
O Bloco de Esquerda contra-argumenta, no meio de tanta confusão que ali vai,…