21 DE MARÇO DE 2019
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Mas a economia digital tem características únicas, tais como a mobilidade geográfica, quer a nível da
produção, quer a nível da comercialização, quer a nível da distribuição.
Esta nova economia trouxe uma nova dimensão ao conceito de estabelecimento estável, diferente daquele
a que estávamos habituados, tornando-se ele próprio quase virtual e intangível, e trouxe também uma nova
forma de relacionamento entre agentes económicos e entre estes e os consumidores, provocando os
designados efeitos de rede, em que as decisões de um utilizador podem refletir benefícios para outro utilizador,
ou, ainda, produzir novos modelos de negócio multifacetados, como é a publicidade, a par das vendas online ou
da disponibilização de informação.
Por isso, dada a mudança que se está a produzir na forma como se realizam, cada vez mais, os negócios na
nossa atividade económica, em que a inovação surge de forma rápida e constante, também a tributação, direta
e indireta, tem de mudar, tem de se modernizar, tem de se ajustar, sob pena de ficar obsoleta.
O Sr. JoséMagalhães (PS): — Então, em que ficamos?
O Sr. FernandoVirgílioMacedo (PSD): — Vai já entender, Sr. Deputado.
Mas o que o Bloco de Esquerda nos apresenta aqui hoje, com o seu projeto de lei, não é mais do que uma
tentativa de criação de um novo imposto, para uma nova economia, mas com velhos pecados.
A criação de novos impostos sempre foi uma matéria de grande apreço por parte dos partidos de esquerda.
A sua filosofia é sempre tributar, tributar tudo o que mexe, o que não mexe e o que pode vir a mexer.
Pois o PSD reafirma que chega de aumentar a carga fiscal. O nível de tributação da nossa economia é já
demasiado elevado! Por isso, qualquer criação de novos impostos deve ter sempre como princípio base ou a
substituição ou a reformulação de outros impostos existentes, nunca pondo em causa os princípios de justiça e
de equidade fiscal.
A Sr.ª IsabelPires (BE): — Se eles não pagam nenhum!
O Sr. FernandoVirgílioMacedo (PSD): — Nesse sentido, é óbvio que reconhecemos a necessidade de
que toda essa economia digital também seja tributada. E tem de ser tributada de forma justa, justa para as
próprias empresas e justa para a sociedade e para os contribuintes.
No entanto, a tributação da economia digital só pode ser eficaz e eficiente, e diria mesmo exequível, se for
tratada num nível supranacional. Num mundo global, virtual, intangível, sem fronteiras, tentar encontrar soluções
de tributação dentro das fronteiras só vai, obviamente, levar a soluções ineficazes e trazer mais
discricionariedade e, eventualmente, até mais injustiça fiscal.
O Sr. LuísMonteiro (BE): — Não percebeu! Venha o próximo!
O Sr. FernandoVirgílioMacedo (PSD): — Situações de tributação para a economia digital isolacionistas,
pensadas à pressa, com pouco racional e com objetivos mais do que duvidosos, como é o caso da consignação
de receitas proposta pelo Bloco de Esquerda, só podem ter, por parte do PSD, a sua oposição.
O Sr. LuísMonteiro (BE): — Diga isso ao Paulo Rangel!
O Sr. FernandoVirgílioMacedo (PSD): — Quando quiserem discutir este tema de forma séria, o PSD estará
disponível para esse debate.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Srs. Deputados, peço o favor que gerem condições na sala para que os
oradores que estiverem a usar da palavra se possam fazer ouvir em boas condições.
Tem agora a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Margarida Marques, do PS.