21 DE MARÇO DE 2019
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não conseguem nomear um país onde essas empresas paguem um cêntimo que seja de um imposto deste
género.
Portanto, para uma proposta unilateral, ineficiente, recessiva e tecnicamente inexequível, obviamente que o
que é certo, também, é um chumbo dessa mesma iniciativa.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr. Deputado João Almeida, tem um pedido de esclarecimento da Sr.ª
Deputada Isabel Pires, do Bloco de Esquerda, a quem dou a palavra.
A Sr.ª IsabelPires (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, gostaria de agradecer ao Sr. Deputado
João Almeida a sua intervenção, porque, de facto, permite-nos voltar a colocar a questão ao CDS-PP sobre de
que lado é que está neste debate e, já agora, recolocar o debate onde ele realmente está e não numa
estratosfera, onde já vários Deputados e várias bancadas o quiseram colocar, sobre quem é que vai pagar e o
que é que vai acontecer aos utilizadores de Facebook ou da Google, que, aparentemente, irão ser prejudicados.
Na Europa, neste momento, cada utilizador destas plataformas digitais gera 10 euros ou 11 dólares, em
média, por ano, de receita para estes gigantes. Portanto, estamos a falar de dados que são gerados por nós,
por cada um de nós que aqui está sentado, por toda a gente que utiliza plataformas digitais e que está a ser
roubada, não só em dados mas também em riqueza que é gerada a partir da nossa utilização destas redes
sociais.
O Sr. PedroFilipeSoares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª IsabelPires (BE): — Portanto, aquilo que estamos a propor é que, se são os nossos dados, de todos
os portugueses e portuguesas que geram esta riqueza astronómica para estas empresas, de facto, ela possa
também ser redistribuída, depois, na economia portuguesa. É isso que está em causa.
Mas há mais números que importa colocar no debate. Aquilo que estamos a propor no projeto de lei são 3%,
o que, aparentemente, é uma enormidade para um gigante como Google, vejam só!
A Google, a título de exemplo, teve 32 mil milhões de dólares de receitas, só em publicidade, no último
trimestre. Vou repetir: 32 mil milhões de dólares de dólares de receitas, só em publicidade, no último trimestre.
Sr. Deputado, em contas que o CDS perceba, estamos a falar de uma receita, em 90 dias, equivalente àquilo
que custariam 64 submarinos.
O Sr. LuísMonteiro (BE): — Está a ver?! Tantos submarinos!
A Sr.ª IsabelPires (BE): — Portanto, aquilo que importa perceber é se o CDS-PP está do lado de quem quer
redistribuir a riqueza e ir buscar o dinheiro aos impostos, riqueza que é devida aos portugueses — a mim, ao Sr.
Deputado, a toda a gente que utiliza as plataformas digitais e gera a riqueza. É que todos nós, com qualquer
click que façamos, estamos a gerar riqueza que está a ser roubada do nosso País.
Por isso, a questão que fica é essa: de que lado é que está, afinal, o CDS-PP? Do lado que quer fazer com
que os impostos sejam cobrados devidamente no nosso País ou do lado de quem quer fazer da economia digital
um grande offshore na Europa?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem agora palavra, para responder, o Sr. Deputado João Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Isabel
Pires, em primeiro lugar, só para efeitos de contexto, queria dizer que a Sr.ª Deputada está desatualizada em
termos de unidade conta.