21 DE MARÇO DE 2019
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Risos do Deputado do BE José Manuel Pureza.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sim!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Espanha e França vão ter receita zero deste imposto?
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sim!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Portugal está isolado ou há aqui um alinhamento de países que diz «não»
a estes gigantes e diz «não» a este interesse alemão? Esta é que é a questão de fundo.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Deputado, esta posição do PS, afinal, é uma censura ao PSOE?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado
Cristóvão Norte.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Rocha Andrade, devo assinalar, em primeiro
lugar, sem esconder algum contentamento, o facto de o Partido Socialista se opor a esta iniciativa do Bloco de
Esquerda, pois um partido que é o esteio de um governo que aumentou 34 taxas, impostos e contribuições,
bateu todos os recordes de carga fiscal e colocou os portugueses a entregar, sem precedentes, uma parcela do
seu rendimento ao Estado, poderia sucumbir, uma vez mais, à voraz e irresistível tentação de se associar a uma
iniciativa inútil e ineficaz do Bloco de Esquerda, na esperança de que isso viesse a traduzir-se nalguma receita.
Mas, a esse respeito, o Sr. Deputado Rocha Andrade, com clareza evidente e um assomo de frontalidade
que lhe devemos reconhecer, foi absolutamente categórico. Disse e afirmou, de forma rotunda: «Não, o imposto
é inútil, é ineficaz, a receita seria zero».
E eis o mistério desvendado: o PS é contra porque a receita seria zero. Essa é a razão pela qual o PS é
contra.
Aplausos do PSD.
Mas não deixa de ser extraordinário, Sr. Deputado Rocha Andrade, que o PS seja contra este imposto e na
Europa apoie a agenda do Comissário Moscovitch, que visa substituir a regra da unanimidade nas decisões do
Conselho pela regra da maioria e, dessa forma, diminua Portugal e fira a soberania fiscal deste Parlamento. Isto,
sim, merece reflexão e é aí que a nossa posição difere da do PS.
Entendemos que um imposto desta natureza faz sentido se resultar de uma conjugação de opções livres e
autónomas dos países da União Europeia e, desejavelmente, pelo menos da OCDE, até por questões de
competitividade e fraude fiscal, enquanto que o PS diz que faz sentido sem que todos os países concordem. Ou
seja, quando Mário Centeno assume ser contra a regra da unanimidade para a criação de novos impostos, o PS
está a dizer aos portugueses, nada mais, nada menos, que devem pagar esse imposto e que ele deve ser
aplicado, mesmo que os representantes dos portugueses e o seu governo sejam contra esse imposto.
Risos do BE.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Chama-se a isto música!
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Se a proposta que o Bloco de Esquerda aqui apresenta fosse aprovada no
Conselho Europeu, com o voto contra de Portugal, por uma maioria de países, a posição do PS e do Governo