I SÉRIE — NÚMERO 65
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proposta irrealista e que não funcione no âmbito de IRC, em vez de fazermos uma proposta irrealista, que não
funciona, inventando um imposto novo.
Portanto, Srs. Deputados, como os recursos são escassos, o tempo é limitado e não vale a pena pormos os
agentes da nossa administração fiscal a tentarem aplicar impostos a entidades que não estão sujeitas à nossa
jurisdição, nem estarão, a não ser que passemos a fazer com que a nossa política fiscal seja acompanhada por
divisões aerotransportadas, então, não faz sentido votar favoravelmente esta proposta do Bloco de Esquerda.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — A Mesa regista duas inscrições para pedidos de esclarecimento ao Sr.
Deputado Fernando Rocha Andrade.
Sr. Deputado, como pretende responder?
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Sr. Presidente, responderei no final.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Muito bem. Assim, para o primeiro pedido de esclarecimento, tem a
palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Fernando Rocha Andrade, confesso que
estava ansioso por o ouvir, porque achava que de todos os Deputados e Deputadas nesta Sala seria aquele que
conheceria até mais os pormenores que permitiriam justificar por que é que este imposto é possível e vale a
pena.
Vários dos aspetos em que eu cimentava esta minha crença já os vi. Em primeiro lugar, diziam que era
impossível taxar, por exemplo, o jogo digital. Ora, o Sr. Deputado, participou no trabalho do Governo para
garantir que a desmaterialização de processos, a tributação de empresas de fora do País, de entidades
estrangeiras, seria garantida, e isto está a acontecer.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Exatamente. Bem lembrado!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Por isso, uma grande parte da sua argumentação de agora ruiu com esta
realidade concreta.
Segundo aspeto: o Sr. Deputado diz que deveria existir uma distribuição das receitas das empresas à escala
global. Ora, o Sr. Deputado estava no Governo quando Portugal assinou a Convenção Multilateral para Prevenir
a Erosão de Base Tributável e a Transferência de Lucros, que garante exatamente isso e que foi proposta pela
OCDE, apresentada pelo Governo na Assembleia da República e nela aprovada.
Ora, esse foi outro problema resolvido, exatamente, por um tratado assinado por Portugal.
Uma questão subsequente: dizia o Sr. Deputado Fernando Anastácio que nós tínhamos ido copiar o que
Espanha fez.
Sr. Deputado, Espanha foi copiar o que a Comissão Europeia tinha feito e, por isso, dissemos, desde o início,
que a nossa análise radicava nos estudos da OCDE, nos estudos da União Europeia e na proposta da Comissão
Europeia. Gostaríamos que fosse à escala europeia? Sim, e até digo mais, achamos que deveria ser à escala
internacional. Mas há um problema, que se chama política, interesses nacionais. Por isso, quem agora utiliza
esse argumento para nada fazer está a dizer que é a Alemanha que manda e, por isso, que dançarão a música
que a Alemanha tocar, mesmo que isso custe aos contribuintes portugueses, que são sempre eles os
sacrificados, porque os grandes ficam sem pagar.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Pois claro!
Protestos do Deputado do PSD Cristóvão Norte.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Mas mais, Sr. Deputado: então, Pedro Sanches é um idealista?
Emmanuel Macron é um idealista?