I SÉRIE — NÚMERO 73
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O Sr. Paulo Sá (PCP): — A partir de quando?!
A Sr.ª Margarida Marques (PS): — … e entre 2017 e 2018 cresceu 12%.
Este Governo tem-se pautado por boas contas públicas e, efetivamente, a redução do custo da dívida
permitiu aumentar o investimento na educação e na saúde. Face, inclusivamente, aos cenários
macroeconómicos que conhecemos, face às previsões que ainda ontem, como referi, o Fundo Monetário
Internacional apresentou, a nossa preocupação é termos contas públicas certas e sãs que nos permitam lidar
com situações internacionais que nos possam ser mais favoráveis.
Acabei a minha intervenção a dizer exatamente que isto significa que precisamos de persistir neste caminho,
conjugando investimento, crescimento económico, criação de emprego e reforço de direitos sociais.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Mas o investimento não aparece!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Onde é que está o investimento?!
A Sr.ª Margarida Marques (PS): — O Sr. Deputado Anacoreta Correia colocou a questão do Brexit e do
plano de contingência.
O tempo de que disponho não me permite repetir todas as respostas que já lhe dei relativamente a essas
questões, mas acho que é necessário perceber que o Governo fez as démarches necessárias para, primeiro,
proteger os portugueses que vivem no Reino Unido e apoiar os britânicos que vivem em Portugal; segundo,
negociou na União Europeia com os 26/27 Estados-Membros no sentido de encontrar um bom acordo de saída
do Reino Unido da União Europeia e um acordo de relação futura que ampute menos essa saída; e, terceiro,
desenvolveu uma estratégia no sentido de mobilizar investimento britânico ou investimento estrangeiro no Reino
Unido para Portugal. Em relação a este último exercício, dou apenas um exemplo: Portugal mobilizou 26 projetos
de investimento que levaram à criação de 22 empresas no País. Foram 458 milhões de euros e 1400 postos de
trabalho criados apenas de projetos de investimento que Portugal mobilizou no Reino Unido e trouxe para o
nosso País.
É isto que é importante sabermos, porque temos de perceber o que significa para a União Europeia, para o
Reino Unido e para Portugal a saída do Reino Unido da União Europeia.
É por isso que o Conselho Europeu de hoje é muito importante e é por isso que a posição de Portugal e do
Primeiro-Ministro português neste Conselho Europeu vai no sentido de dar ao Reino Unido o tempo necessário
para que seja possível estabelecer um acordo que permita uma saída do Reino Unido da União Europeia.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado José Soeiro, do Grupo
Parlamentar do Bloco de Esquerda.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Não é novidade e também isso é
notícia — as desigualdades salariais continuam a ser chocantes em Portugal e na Europa.
Ontem, ficámos a saber que, de acordo com os dados mais recentes, os presidentes executivos das maiores
empresas portuguesas ganharam, em média, 1 milhão de euros — há quem tenha ganho bem mais! — e, no
geral, têm um salário 52 vezes acima dos salários dos trabalhadores dessas mesmas empresas.
Na Sonae, Paulo Azevedo ganhou num ano o que um funcionário da Sonae com salário médio recebe ao fim
de 37 anos de trabalho. Se esse trabalhador da Sonae ganhar o salário mínimo, terá de trabalhar 77 anos para
ganhar o mesmo que o gestor da empresa.
Há, também, o caso da Jerónimo Martins. Em média, um trabalhador do grupo que tem o Pingo Doce tem de
trabalhar 140 anos para ganhar o que ganha o gestor da empresa. Mas, se estivermos a falar de uma
trabalhadora da caixa do Pingo Doce que receba o salário mínimo, ela teria de trabalhar 226 anos para ganhar
o mesmo que Pedro Soares dos Santos ganhou no ano passado. Teria de ter cinco longas carreiras contributivas
para poder juntar o pedaço da riqueza da empresa que Pedro Soares dos Santos arrecada para si em cada ano.