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11 DE ABRIL DE 2019 15

O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr.ª Deputada Clara Marques Mendes, o PSD concorda com o Partido

Socialista que estas matérias devem ser retiradas da esfera de ação do Parlamento e enviadas para a

concertação social.

No entanto, nós sabemos o que pensam os diferentes parceiros que estão presentes na Comissão

Permanente de Concertação Social. Quando apresentámos o nosso projeto de lei, o Primeiro-Ministro, António

Costa, fez uma declaração manifestando-se chocado com a disparidade salarial nas empresas portuguesas,

mas António Saraiva, o Presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal e um dos representantes

dos patrões na concertação social, veio imediatamente dizer, em resposta ao Primeiro-Ministro, que nem

pensassem em legislar sobre o assunto, porque isso era matéria da competência exclusiva das empresas e nem

o Governo nem o Parlamento tinham que ver com isso.

Ora, não é o Parlamento que faz a lei que define, por exemplo, um salário mínimo?!

A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Claro!

O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Nós não podemos definir um salário abaixo do qual nenhum trabalhador

pode ser pago?! Podemos, devemos e fazemo-lo; aliás, com a oposição do PSD…

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — E do CDS!

O Sr. José Moura Soeiro (BE): — … e do CDS, aumentámos o salário mínimo.

O que não podemos fazer, Sr.ª Deputada — e CDS, já agora, porque faz exatamente o mesmo discurso —,

é dizer que estamos preocupados com as disparidades salariais, que estamos preocupados com esta

desigualdade brutal…

O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.

O Sr. José Moura Soeiro (BE): — … e, depois, chumbar e rejeitar todas as medidas que são propostas

neste Parlamento para combater as desigualdades, como as que o Bloco de Esquerda propôs.

O Sr. Presidente: — Muito obrigado, Sr. Deputado.

O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Não podemos rejeitar essas medidas e, ao mesmo tempo, condoer-nos

da desigualdade que alimentamos com a nossa inação.

Aplausos do BE.

A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Isso é para a bancada do PS, não é para a do PSD!

O Sr. Presidente: — Sr. Deputado José Soeiro, falta responder a mais dois pedidos de esclarecimento.

Em primeiro lugar, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato, do Grupo Parlamentar do PCP.

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, o Sr. Deputado José Soeiro trouxe hoje a debate

um tema importante.

De facto, entre 2017 e 2018, a diferença salarial entre o que recebiam os gestores de topo e os trabalhadores

aumentou significativamente: em 2017, era de 46 vezes e, em 2018, era de 52 vezes. Isto demonstra que

persiste um problema gravíssimo e escandaloso no País quanto a esta realidade.

Importa dizer que a injustiça na distribuição da riqueza num país não se mede apenas por este sinal, que já

não é pouco importante. Importa dizer também que 1% da população detém 25% da riqueza que é produzida

neste País e que 5% da população concentra 50% da riqueza nacional. Isto demonstra que são necessárias

medidas com vontade e com coragem políticas para combater a concentração da riqueza e para a distribuir de

forma mais justa.