I SÉRIE — NÚMERO 73
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A Sr.ª Wanda Guimarães (PS): — Acompanhamos hoje!
O Sr. João Paulo Correia (PS): — O PS tem o seu projeto!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr.ª Deputada, porque nos conhecemos e trabalhamos juntos, nesta
Legislatura, em muitas matérias, não duvido do seu empenho e das suas intenções. O problema é que de boas
intenções está o Partido Socialista cheio e agora é tempo de agir.
Aplausos do BE.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Só agora é que perceberam isso?!
O Sr. Presidente: — Para uma declaração política, em nome do Grupo Parlamentar do CDS-PP, tem a
palavra o Sr. Deputado João Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Começo por fazer três
citações.
Primeira citação: «A reversão da austeridade não foi drástica.»
Segunda citação: «Sempre que alguém se orgulha do défice, pergunta-lhe em que estado está o hospital, o
autocarro, a escola ou o tribunal.»
Terceira citação: «O Governo não quer cumprir a lei.»
São três citações que facilmente seriam atribuídas a alguém que se sente nas bancadas da oposição.
Acontece que todas elas são de apoiantes desta maioria do Governo, da maioria das esquerdas, e até por altos
responsáveis.
A primeira, sobre a reversão da austeridade não ter sido drástica, é de Mário Centeno, nem mais nem menos,
o Ministro das Finanças. É a chamada «citação para inglês ver», ou, no caso, «para americano ver», uma vez
que foi feita ao Financial Times.
A segunda é de um documento de propaganda da CDU. É a chamada «citação para comunista acreditar»,
para aqueles que veem o PCP constantemente fazer o contrário do que sempre defendeu e fazem uns panfletos,
achando que a propaganda ainda convence os camaradas.
A terceira é a chamada «citação para bloquista não fugir». É uma tentativa do Bloco de Esquerda de dizer
alguma coisa contra o Governo, para que a sua militância também continue a acreditar.
O propósito é óbvio, é o propósito que une esta maioria: agradar a todos, principalmente cada um ao seu
eleitorado, cumprindo uma cartilha que é definida em três obrigações do esquerdista militante apoiante deste
Governo.
Primeira obrigação: dizer tudo e o seu contrário, caso seja mesmo necessário.
Segunda obrigação: esconder o que não for conveniente.
Terceira obrigação: se as duas primeiras não resultarem, é porque a culpa é do Governo anterior, ainda que
seja impossível atribuir essa culpa ao Governo anterior e seja ridículo invocá-lo.
Sr.as e Srs. Deputados, como já dissemos muitas vezes, este Governo e esta maioria justificam censura,
merecem oposição e, certamente, legitimam a existência de uma alternativa.
Porém, vamos aos princípios do bom apoiante deste Governo.
Comecemos pelo primeiro: dizer tudo e o seu contrário.
A privatização dos Estaleiros de Viana do Castelo ia acabar com a construção e a reparação naval em
Portugal. Só que não, engalanaram-se para ir à cerimónia do primeiro navio de uma indústria pujante que está
em Portugal para dar cartas!
Aplausos do CDS-PP.