13 DE ABRIL DE 2019
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Europeu acompanharam o relatório da Eurodeputada Marisa Matias, que rejeitou a inclusão do tratado
orçamental no direito comunitário. E ainda bem que assim foi no Parlamento Europeu.
Mas, como já se previa, a Comissão Europeia tudo tentará para levar a sua avante. Não bastava este tratado
estar ferido, desde o seu início, de uma falta de democracia tremenda e não passar de uma imposição de alguns
sobre quase todos. Apesar de tudo isto, continuam com tentativas de golpes burocráticos para fazer passar o
que o Parlamento Europeu, e bem, rejeitou.
Termino, Sr. Presidente, dizendo que, da parte do Bloco de Esquerda, sempre lutámos contra este tratado e
continuaremos a fazê-lo, porque ele não é mais do que uma amarra sobre decisões soberanas e sobre as
possibilidades de crescimento económico e de condições de vida de cada país.
Da nossa parte, não temos dúvidas e não as pode haver, porque o preço de não se lutar contra este tratado
orçamental é voltarmos à austeridade sem limites, que já provou ser a receita errada.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Margarida
Marques, do Partido Socialista.
A Sr.ª Margarida Marques (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O tratado orçamental foi debatido
e ratificado nesta Câmara em abril de 2012.
Na altura, o PS disse que o tratado não respondia verdadeiramente à crise, censurou a tentação punitiva e
a vertigem ideológica de uma maioria conjuntural de direita ultraliberal, na Europa, que queria perpetuar a sua
visão e propôs ao Governo que iniciasse as diligências necessárias, junto dos parceiros europeus, para anexar
a este tratado uma dimensão económica e social. Mas PSD, CDS, PCP, Bloco de Esquerda e Os Verdes votaram
contra esta iniciativa do PS.
Dito isto, o tratado orçamental previa a sua integração nos tratados da União cinco anos mais tarde, após
avaliação. Nem a avaliação foi feita, nem o tratado orçamental foi integrado nos tratados da União, em janeiro
de 2018.
O Parlamento Europeu rejeitou, recentemente, essa integração — rejeitou com o voto dos Socialistas e do
GUE/NGL (Confederal Group of the European United Left/Nordic Green Left), mas sem o voto do PPE (Partido
Popular Europeu).
Exigiu uma avaliação antes dessa integração e esta avaliação é fundamental: é preciso olhar para o caso
português; é preciso olhar, por exemplo, para a política do Governo anterior, de cortes nas pensões, nos salários,
nos direitos; é preciso olhar para a política deste Governo, que repôs salários, repôs pensões e repôs direitos
com o mesmo tratado orçamental.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Muito bem!
Protestos do Deputado do PCP Paulo Sá.
A Sr.ª Margarida Marques (PS): — Mas é preciso olhar para a enorme confusão que existe em torno de
conceitos nucleares como déficit estrutural ou crescimento potencial.
Centeno, Ministro das Finanças, com alguns dos seus colegas, escreveram aos presidentes das instituições
europeias no sentido de clarificar estes conceitos. Tudo isto prova que este tratado orçamental tem de ter uma
boa revisão.
Finalmente, o tratado orçamental deve ser objeto de uma profunda revisão e por isso se vão bater os
socialistas no Parlamento Europeu.
Enquanto o tratado existir, é para ser respeitado, explorando até ao limite, tirando partido de toda a
flexibilidade que o tratado permite.
Tem sido esta a política deste Governo: sentido de responsabilidade no respeito dos seus compromissos
europeus, reivindicando o uso da flexibilidade e, ao mesmo tempo, agir no quadro da União Europeia no sentido
de melhorar as políticas económicas, orçamentais e sociais numa coordenação equilibrada destes três pilares.