I SÉRIE — NÚMERO 76
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Abre-se aqui uma oportunidade para tratar dois problemas críticos: o envelhecimento dos professores e a
necessidade de revalorizar a profissão, tornando-a atrativa aos mais novos.
O nosso objetivo, com a limitada informação disponível, uma vez que o Governo se recusou a enviar ao
Parlamento o estudo do impacto financeiro, é propor uma solução justa para os professores, para toda a
Administração Pública e para os contribuintes em geral; sustentável, para não voltarmos a discutir
congelamentos num futuro próximo; e estável, preservando alunos e famílias de uma turbulência à qual são
alheios e que sempre, sempre, os prejudica.
Sr.as e Srs. Deputados, estamos em ano eleitoral e não há como ignorar esse contexto. O Governo, ao mesmo
tempo que diz que a solução para os professores não se encontrava prevista no seu programa e que tem um
caráter claramente excecional, já anunciou que a exceção será, afinal, a regra para as restantes carreiras da
Administração Pública.
Os partidos que apoiam o Governo mobilizaram-se na rua e radicalizaram-se num «tudo ou nada» eleitoral.
Desconhecendo os montantes, fixam datas de pagamentos até 2025, fazendo crer que conseguem vincular,
pelo menos, mais duas legislaturas, dois parlamentos e dois governos. O risco do jogo do Bloco de Esquerda e
do PCP é a demagogia de prometer tudo sem ter como garantir nada.
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.
Mas não aceitar soluções responsáveis e solidárias entre cidadãos e gerações é também um jogo em que
ninguém ganha: nem os professores, nem, sobretudo, os que menos culpa têm, os alunos, com greves pré-
anunciadas já para o terceiro período, e nem mesmo a escola pública, ferida no seu dever constitucional de
ensinar.
Sr.as e Srs. Deputados, chegámos aqui pela ingerência do Governo com o apoio do PS.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Ingerência do Governo?!…
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Por isso, nesta apreciação parlamentar o que se discute não é se há
um problema, mas qual é a melhor solução. E entre popularidade com alguns e responsabilidade com todos, o
CDS sabe bem qual tem de ser o caminho.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Pelo Grupo Parlamentar do PS, tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada
Maria Augusta Santos.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Maria Augusta Santos (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo:
Debatemos hoje, de novo, a recuperação do tempo de serviço de educadores e professores.
Este debate é inseparável de uma marca indelével desta Legislatura: voltámos a apostar na escola pública
e retomámos uma estratégia de valorização dos profissionais da educação.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
Foi a vinculação extraordinária de 7000 professores; a redução da norma-travão de cinco para três anos em
qualquer grupo de recrutamento, o que em 2019 representa a vinculação de mais 566 professores; a criação do
Grupo de Recrutamento de Língua Gestual Portuguesa.
Vozes do PS: — Muito bem!