I SÉRIE — NÚMERO 77
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Sabemos bem que o objetivo destas manobras é o de criar desconfiança em relação à segurança social para
aumentar o negócio dos fundos de pensões privados.
O Sr. António Filipe (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Fala-se tanto em sustentabilidade, mas vale a pena lembrar que, no
pico da crise do capitalismo, milhões de seres humanos ficaram sem nada, na miséria, devido, precisamente, à
ruína dos fundos de pensões,…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … com as consequências que isso teve para tanta gente.
Aplausos do PCP.
O que afirmam são falsidades, que são desmentidas pela realidade do aumento das receitas das
contribuições. E vale a pena lembrar que essa boa situação financeira foi conseguida num quadro em que, por
ação e iniciativa do PCP, foram aumentadas pensões, abonos de família, apoios aos desempregados e outras
prestações sociais.
Isto confirma que, como o PCP sempre tem afirmado, a sustentabilidade financeira da segurança social não
se garante com cortes nas pensões nem com o aumento da idade da reforma, mas, antes, com o aumento do
emprego, com o aumento dos salários e com o combate à precariedade.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — É preciso ir mais longe, não só nessas medidas, mas também na
diversificação das fontes de financiamento, nomeadamente com a proposta apresentada pelo PCP, de aplicação
do valor acrescentado líquido, criado pelas empresas, proposta, esta, que não foi acompanhada pelo Partido
Socialista, tal como aconteceu com as propostas que aqui trouxemos para a redução da idade de reforma e o
fim do fator de sustentabilidade, os quais continuam a impor pesadas penalizações.
Sr. Primeiro-Ministro, o caminho do progresso não é, como disse, o da privatização, é o da defesa da
segurança social pública, universal e solidária, do aumento das pensões e da redução da idade de reforma. Este
é que deve ser o caminho de uma segurança social, de facto, solidária e que procura congregar as diversas
gerações.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, é verdade. Aquilo que o PSD
e o CDS dizem sobre o sistema de segurança social, além de procurar incutir a desconfiança, para promover a
segurança social privada,…
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Tenha vergonha! Tenha vergonha!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … assenta num desconhecimento básico da realidade.
Em primeiro lugar, os portugueses vão pagar, no seu conjunto, este ano, menos 1000 milhões de euros de
IRS, em relação ao que pagavam em 2015. Esta redução significativa da contribuição para o IRS significa que,
efetivamente, estamos a desagravar fiscalmente quem merece ser desagravado.
É extraordinário que quem fala do tema dos impostos sejam os mesmos que têm como principal conselheiro
económico alguém que apresenta um livro onde propõe, em matéria de IRS, nada mais nada menos do que
passar a haver uma coleta mínima para quem tem os rendimentos mais baixos da sociedade portuguesa,