I SÉRIE — NÚMERO 77
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Sr. Primeiro-Ministro, estamos com um problema muito sério de uma monocultura que está a alastrar, com
graves problemas ambientais, designadamente a nível do gasto de água, mas também da utilização excessiva
de pesticidas, com a contaminação da água e dos solos.
Sr. Primeiro-Ministro, é fundamental colocar-lhe esta questão: o Governo do PS está ou não disposto a
trabalhar para travarmos este disparate de extensão do olival intensivo e superintensivo e, de resto, também, de
outras culturas, como o amendoal, que estão, de facto, a devastar ambientalmente o sul do País?
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, os estudos de que dispomos
não confirmam essas consequências do olival intensivo. Portanto, solicitámos a realização de um novo estudo,
mais aprofundado, para medir as suas consequências, e dele se retirarão as ilações devidas.
Partilho consigo do balanço positivo que fazemos desta Legislatura. Não diria que alguém puxou alguém.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Não é verdade!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Acho que seria injusto eu dizer que o Governo puxou a Sr.ª Deputada para
aceitar uma gestão orçamental prudente que permitiu termos o défice mais baixo da democracia e uma redução
sustentada da nossa dívida pública.
A leitura que faço desta Legislatura é a de que, em conjunto, o PS, o Bloco de Esquerda, o Partido Comunista
Português e o Partido Ecologista «Os Verdes» souberam harmonizar as suas políticas, de forma a,
simultaneamente, termos mais crescimento, melhor emprego, menos desigualdade e contas certas. Acho que
foi uma combinação virtuosa, tem sido uma combinação virtuosa, que só merece ter boa continuidade.
Finalmente, Sr.ª Deputada, registo que hoje não me voltou a perguntar, como fez nos dois últimos debates,
o que é que o Governo decidiu sobre a barragem do Fridão. Esperava da Sr.ª Deputada que registasse
satisfação com a decisão do Governo,…
Aplausos do PS.
… mas, Sr.ª Deputada, também sei que mais importante do que as palavras é o que lhe vai no coração…
Risos do PS.
… e tenho a certeza de que está contente e satisfeita com a decisão tomada pelo Governo.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem, agora, a palavra o Sr. Deputado André Silva, do PAN.
O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, sabe o que têm em comum os projetos do
aeroporto do Montijo, as dragagens do Sado e a exploração de lítio em Montalegre? Em todos eles o Governo
assinou contratos de obra ou de concessão antes de ter uma avaliação de impacte ambiental positiva.
Há aqui um padrão de atuação do Governo: primeiro, assina contratos, anunciando publicamente as
vantagens económicas e políticas, e depois adaptam-se os estudos de impacte ambiental com a adoção de
medidas de mitigação insuficientes, fazendo de conta que está tudo bem.
Lá está, continua a predominar o modelo da economia do curto prazo em detrimento da visão estratégica de
gestão responsável do bem comum.
Sobre o aeroporto do Montijo sabemos que o estudo de impacte ambiental já foi concluído e entregue ao
Governo e que continuam a ser identificados impactos bastante negativos para a vida das pessoas da região e
para a população de aves que habita o estuário do Tejo.