18 DE ABRIL DE 2019
29
duas situações que gostaria de salientar. Uma é a de que há matérias de direitos dos trabalhadores que devem
ser consideradas e o Governo deve intervir sobre elas, beneficiando, certamente, múltiplos setores; outra, e, já
agora, numa perspetiva ambientalista de leitura desta questão, é a da dependência enormíssima que temos,
ainda, a nível de mobilidade, dos combustíveis fósseis.
Sr. Primeiro-Ministro, sobre a segurança social há um desafio que foi aqui colocado pelo PSD, ao qual Os
Verdes gostariam de responder diretamente. Esse desafio foi o de que nos juntássemos para encontrar soluções
para a segurança social. A este desafio, Os Verdes respondem: não! Com o PSD e o CDS não há entendimento
possível que gere justiça em matéria de segurança social, porque, como já aqui foi bem lembrado durante o
debate, propunham um corte de 600 milhões de euros. A sua solução é, permanentemente, a do corte, a do
corte em tudo o que tenha a ver com a vida concreta das pessoas. Além disso, ambos têm entrado neste jogo
do grande alarmismo da insustentabilidade da segurança social, para justificar várias coisas que só prejudicam
as pessoas: o aumento da idade da reforma, os cortes nas pensões e, claro, a privatização da segurança social
ou, pelo menos, a capacidade de exaltar os fundos de pensões privados, como o CDS fez ainda há pouco, ao
falar das suas alternativas, sendo que essa é a sua verdadeira alternativa.
A pergunta que se impõe dirigir ao Sr. Primeiro-Ministro é a de saber se está disponível, efetivamente, para
garantir uma segurança social pública, solidária — que é uma palavra que o Sr. Primeiro-Ministro nunca usa —
e universal, apostando em mais emprego, menos precariedade, menos desemprego e melhores salários.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, creio que estes três anos respondem à sua
pergunta, porque foi mesmo com uma política económica que promoveu mais e melhor emprego que reforçámos
a sustentabilidade da segurança social. E a solidariedade, mais do que palavras, são atos. Quando assegurámos
a atualização, por três anos consecutivos, das pensões, quando, em dois anos consecutivos, assegurámos
aumentos extraordinários, quando procurámos criar melhores condições para as longas carreiras contributivas
poderem aceder à pensão, sim, a isto chama-se solidariedade. E fizemos isto ao mesmo tempo que
assegurámos o reforço de outras prestações sociais, desde o abono de família ao complemento solidário para
idosos, ao mesmo tempo que alargámos as medidas sociais existentes neste País, desde a gratuitidade dos
manuais escolares ao novo modelo de passe social, o que contribuiu, muito significativamente, para a melhoria
do rendimento disponível das famílias.
Do mesmo modo, ao longo destes quatro anos, tivemos um aumento de 20% do salário mínimo nacional e o
rendimento dos portugueses aumentou significativamente.
Quando, este ano, entre janeiro e março, tivemos um aumento de 8% — 8%! — das contribuições para a
segurança social, relativamente ao primeiro trimestre do ano passado, não foi só porque há mais emprego, foi
também porque há melhor emprego e porque o emprego está hoje, felizmente, a ser mais bem remunerado. É
assim que asseguramos a sustentabilidade duradoura da segurança social.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, sim, é verdade, mas o que o
Sr. Primeiro-Ministro tem de ter em conta é que nesta Legislatura foi puxado pela esquerda. E o que é
fundamental perceber também é a genuinidade do PS, porque esta Legislatura teve a marca da esquerda e
passámos a Legislatura inteira a puxar o PS, naturalmente, também, em matéria de segurança social.
Há uma questão que gostaria de colocar ao Sr. Primeiro-Ministro, que se prende com a praga do olival
intensivo e superintensivo no nosso Alentejo.